A empresa Maragales, responsável pela embarcação Tô A Toa, que naufragou em Maragogi, no Alagoas, resultando na morte de duas idosas cearenses,
não disponibilizou coletes salva-vidas para o passeio. Além disso, de
acordo com filho de uma das vítimas, o naufrágio teria sido motivado por
ondas e vento forte, e não por suposta colisão com pedras.
O
empresário Tarcísio Gomes da Silva estava na embarcação. A mãe
dele, Lucimar Gomes da Silva, 69 anos, morreu no naufrágio.
“Quando chegamos na embarcação, foi a primeira coisa
que pedimos (os coletes), mas não deu tempo, e eles falaram que iam dar
depois. Não sei como se permite uma embarcação sair sem colete”, relata
Tarcísio Gomes. Ele conta que, no momento do naufrágio, as vítimas
teriam se segurado em boias para se salvar, além de terem auxiliado uns
aos outros. Tarcísio é proprietário da agência cearense que levou a
excursão, Simbora Vip Tur.
Tarcísio é contrário a versão do Corpo de Bombeiros de
que o catamarã teria colidido com pedras. De acordo com ele, as ondas e o
vento forte derrubaram a embarcação. “Não houve colisão com nada, não
sei quem disse isso. Estávamos indo mar adentro, e batia muita onda.
Passou uma onda e o barco inclinou”, lembra. A vítima revela, ainda, ter
questionado o capitão a respeito da segurança de manter o passeio.
“Perguntei ao capitão se era seguro ir, e ele ficou quieto”, disse. “O
barco continuou inclinando, até que virou. Foi tudo muito rápido”,
finaliza.
O empresário, que, na manhã deste domingo, 28, esteve
em uma delegacia de Maceió fazendo Boletim de Ocorrência, permanece
inconformado com a situação. “Eu não entendo por que aconteceu isso, tô
sem chão. Meus filhos estavam na embarcação também, eles presenciaram
tudo. Fiquei sabendo que estava proibido sair de barco no dia, se
estava, por que saíram? Como oferecem um serviço que não podem fazer?”,
questiona.
A Marinha, por meio da Capitania dos Portos de Alagoas (CPAL), lançou
comunicado informando elevação das ondas em alto mar em toda área
marítima do estado de Alagoas entre a noite do dia 28 de julho e o dia
29 de julho. “A Capitania dos Portos de Alagoas recomenda aos
navegantes de embarcações de pequeno e médio porte, que evitem navegar
no mar nestes dias, bem como aos demais responsáveis por outros tipos de
embarcações, que tenham redobrada atenção quanto ao material de
salvatagem, estado geral dos motores e casco, bomba de esgoto do porão,
equipamentos de rádio, dentre outros itens de segurança”, diz nota.
Agora, Tarcísio pede que o Instituto Médico Legal (IML)
realize a liberação do corpo da vítima, para que eles possam retornar
ao Ceará. “Só liberam se tiver documento, mas foi tudo perdido no mar.
Então estou tendo que fazer um B.O”, contou em entrevista ao O POVO, por
voltas das 11 horas deste domingo, 28. O POVO tentou contato com os
responsáveis pela empresa Maragales, mas não obteve retorno.
Naufrágio
As turistas cearenses Lucimar Gomes da Silva, 69 anos, e
Maria de Fátima Façanha da Silva, 65 anos, morreram no naufrágio na
tarde do último sábado, 27, em Maragogi, litoral de Alagoas. A
identidade das vítimas foi informada pelo Grupamento de Salvamento
Aquático do Corpo de Bombeiros. Duas outras pessoas receberam
atendimento médico. No barco estavam turistas do município de Eusébio,
na Região metropolitana de Fortaleza.
O barco transportava 52 turistas, além de seis
tripulantes e dois palestrantes. Quando o acidente aconteceu, a
embarcação estava a cerca de 1,5 quilômetro (km) da margem. Uma das
mulheres morreu no local do acidente. A outra faleceu a caminho da
Unidade de Pronto Atendimento (UPA), a pouco mais de 1 quilômetro (km)
da praia. Demais passageiros sofreram escoriações leves e arranhões.
o Povo