A votação de 379 votos a favor da reforma da
Previdência gerou vencedores e perdedores dentro e fora do Congresso
Nacional. Tendo sido ainda uma aprovação em primeiro turno na Câmara dos
Deputados - restando a segunda votação e toda a tramitação no Senado -,
a comemoração ainda é relativa e pode ser alterada a partir do dia 6 de
agosto, quando está agendada a próxima votação pelos deputados
federais.
Contudo, o presidente da Câmara
Federal, Rodrigo Maia (DEM) é apontado, tanto por parlamentares colegas
de Casa como por especialistas, como o protagonista desta primeira
aprovação - aquele que sai mais fortalecido das tratativas para este
resultado. "O Rodrigo Maia é o grande condutor da votação, o grande
arregimentador, tanto com o parlamento como com o mercado", considera
Emanuel Freitas, professor de teoria política da Universidade Estadual
do Ceará (Uece).
"O
personagem central foi o Rodrigo Maia. Ele resolveu trazer para si a
responsabilidade. Não tem quem não diga que ele é o articulador político
da reforma, inclusive atropelando processos", relata o líder do PDT na
Câmara, André Figueiredo. "Se tinha alguém que dirigiu e comandou foi o
Maia. É o novo parlamentarismo branco", concorda José Guimarães (PT).
Para
o cientista político Cleyton Monte, o diferencial desta primeira
vitória é que "quando um tema é muito importante, costumam atribuir a
vitória à articulação do governo, mas não dessa vez". Dentre os méritos
de Maia, ele destaca a unidade entre as legendas do chamado Centrão,
essenciais para a aprovação da reforma. "A característica desses
partidos é que oscilam muito e é difícil conseguir a unidade em torno de
algo. Quem conseguia isso era o Eduardo Cunha, mas através de pressão
de financiamento", argumenta.
Se o presidente da
Câmara sai fortalecido, junto aos partidos do centrão, as lideranças de
governo saem, no mínimo, apagadas apesar da vitória na aprovação.
"Estavam mais tontos do que cego em tiroteio. A base do governo não
apita nada lá dentro", resume Guimarães. "Eles não tiveram papel nenhum,
nem nos momentos dos encaminhamentos", completa Figueiredo.
Para
Emanuel Freitas, a oposição encerra enfraquecida por não conseguir
apresentar "uma contra-reforma" alternativa à do governo. Monte
concorda: "Quem saiu derrotado, em um primeiro momento, foram os grupos
de oposição, o que poderíamos chamar de esquerda, porque não conseguiu
avançar sobre os parlamentares que estavam indecisos. Na votação houve
votos favoráveis inclusive da oposição, o que significa que não se
conseguiu sequer uma unidade dentro do seu próprio grupo", afirma.
Da
base governista, Heitor Freire projeta um quadro positivo para o
próximo dia 6 de agosto. "No segundo turno, continuarei lutando contra a
desidratação da Reforma e por uma economia de R$ 1 trilhão", que
reitera que o "governo federal se empenha cada vez mais para que o
Brasil caminhe na direção do desenvolvimento".
o Povo