Pesquisadores da URCA estudam planta da caatinga para tratamento de doenças infecciosas e parasitárias

Blog do  Amaury Alencar



A Caatinga, um tipo de floresta tropical sazonalmente seca localizada no Nordeste brasileiro, detém alta biodiversidade apresentando várias espécies endêmicas. Devido ao clima semiárido, a região apresenta espécies vegetais ricas em compostos secundários ligados à sua proteção e sobrevivência. Tais compostos são utilizados nas indústrias farmacêuticas para a fabricação e/ou formulação de produtos utilizados para o tratamento de doenças.

Uma espécie rica em compostos secundários localizada na região e utilizada medicinalmente é o mussambê (Tarenaya spinosa). Tal vegetal é identificado em campo por apresentar um odor (devido os seus óleos essenciais) e espinhos ao longo do caule, sendo que suas raízes são utilizadas no preparo de lambedores para o tratamento de gripes e resfriados.

Desta forma, pesquisadores da Universidade Regional do Cariri – URCA, levantaram hipóteses que a espécie apresenta compostos bioativos que podem ser utilizados no tratamento de doenças infecciosas e parasitárias (DIP’s) como a candidíase, doenças de chagas, leishmaniose, etc, assim como outras ações farmacológicas.


O trabalho liderado pela Doutora Maria Flaviana Bezerra Morais Braga, o Biólogo José Weverton Almeida Bezerra e as Biólogas Felicidade Caroline Rodrigues e Francisca Sâmara Muniz dos Santos reuniram grupos de pesquisadores de várias instituições nacionais, como a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, e Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, assim como instituições internacionais como o Centro para el Desarrollo de la Investigación Científica (CEDIC), Fundación Moisés Bertoni/Laboratorios Díaz Gill, Asunción, Paraguai, afim de investigar tais hipóteses.

 
 foto Mussambê  foto Weverton Almeida



Como resultado os pesquisadores demonstraram que a espécie é uma fonte de constituintes bioativos apresentando ações antiparasitárias contra Leishmania brasiliensis , Leishmania infantum e Trypanosoma cruzi (Bezerra et al., 2019). Além disso, no artigo de Felicidade Caroline (Chemical composition and anti- Candida potencial of the extracts of Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. (Cleomaceae)) publicado na Revista Comparative Immunology, Microbiology and Infectious Diseases, foi evidenciado que a espécie tem potencial antifúngico contra cepas de Candida , assim como tem potencial para aumentar a capacidade de ação de antibióticos, como por exemplo o fluconazol.

Por fim, a professora bióloga Francisca Sâmara, mostrou que a espécie tem capacidade neuroprotetora e que seus extratos são capazes de aumentar a ação de antibióticos utilizados no tratamento de doenças causadas por bactérias. Tais achados foram publicados em forma de artigos científicos em revistas internacionais especializadas.

Artigos

Chemical composition and anti- Candida potencial of the extracts of Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. (Cleomaceae)
Evaluation of antiparasitary, cytotoxic and antioxidant activity and chemical analysis of Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. (Cleomaceae)
Polyphenolic composition, antibacterial, modulator and neuroprotective activity of Tarenaya spinosa (Jacq.) Raf. (Cleomaceae)

Por: Weverton Almeida
Folhas de mussambê (Tarenaya spinosa). Foto: Weverton Almeida
 
 
 
 
 
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