A humanidade do juiz Neuter Dantas beneficiou
seis freiras com dificuldades de locomoção, do Convento Casa Matriz, que
fica localizado em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Titular da 2ª Vara de Família e Sucessões de Caucaia, ele realizou
audiência que decidiu que as religiosas não precisam continuar a exercer
atividades da vida civil, como idas a bancos. O magistrado contou ao O
POVO Online que ficou “emocionado” com a situação das irmãs e resolveu
ir até elas.
“Dentre outras matérias, cuidamos da interdição de
pessoas que apresentam dificuldades para se locomover a determinados
locais”, explicou Neuter. Segundo o juiz, nos últimos dias, chegou para
ele o pedido de interdição das irmãs, cujas idades variam entre 80 anos e
94 anos.
A interdição é a transferência de responsabilidades de
uma pessoa para uma outra gerenciar seus bens e práticas de atos da vida
civil. Desta forma, portanto, a pessoa interditada fica proibida de
assumir deveres em nome próprio, como movimentar conta bancária ou
assinar contratos.
Como as freiras, que não tiveram seus nomes revelados,
sofrem para ter se locomover, o magistrado contou que se sentiu “tocado”
com o caso. “Fiquei comovido com a situação porque elas não têm filhos,
já que entraram cedo no convento, e hoje também não têm pais, nem
família próxima. Para elas seria muito custoso sair do convento para
participar da audiência”, afirmou.
o povo
Neuter, então, disse que analisou a possibilidade de ir
até o convento em que as religiosas residem para, no próprio local,
realizar a audição. “Levei meu computador e fomos verificar in loco o
estado delas”. Na instituição, seis audiências foram feitas, todas com
resultados favoráveis à interdição das freiras. A responsabilidade legal
sobre elas passou a ser da superiora do Convento Casa Matriz, Irmã
Regina.
“Como temos irmãs de idade muito avançada, a gente
chega nos estabelecimentos e muitas vezes eles não têm acessibilidade
muito boa. Então, para evitar o deslocamento delas, entramos com o
pedido”, explicou Irmã Regina. Ela destacou que, ao iniciar o processo,
não esperava que o juiz Neuter fosse até o convento, “mas que
compreendesse a situação”. “Ele foi muito sensível, muito humano e teve
um gesto de misericórdia”, elogiou.
Superiora-geral da Congregação das Filhas do Coração
Imaculado de Maria, da qual a Casa Matriz faz parte, a Irmã Maria do
Disterro Rocha também engrandeceu a atitude do juiz. “Fiquei
impressionada com a atitude humana do juiz, por ele ter se deslocado até
a gente. Aquela ideia de que o juiz é uma pessoa fechada caiu por
terra. O juiz Neuter foi formidável e demonstrou um coração muito
humano”, celebrou.
O magistrado disse ter ficado “muito sensibilizado” com
a história das freiras, por elas terem entrado muito cedo na carreira
missionária e dedicado a própria vida à religião. “Eu realmente fiquei
muito emocionado e com vontade para ir lá. Foi muito gratificante para
todos nós, mas principalmente para mim”, relatou: “Foi uma experiência
excelente e muito enriquecedora que pretendemos continuar a fazer.”