Cid Gomes abre porta para reconciliação com PT, em união com PDT para eleições 2022

Blog do  Amaury Alencar

 
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) realiza reunião deliberativa com 17 itens. Entre eles, a PEC 98/2019, que permite a divisão dos recursos arrecadados pela União nos de leilões do pré-sal com estados e municípios. Em pronunciamento, senador Cid Gomes (PDT-CE). Foto: Pedro França/Agência Senado
O senador Cid Gomes (PT-CE) concedeu entrevista para site Congresso em Foco onde acusa o presidente Jair Bolsonaro de “despreparado”. Além disso, após afastar qualquer possibilidade de união com o Partido dos Trabalhadores (PT), FG abre porta para a reconciliação.
Cid afirma ainda que apenas a união das forças que fazem oposição ao governo Bolsonaro poderá evitar que, em 2022, a eleição descambe para o que chamou de “uma nova maluquice”.

Leia a entrevista na íntegra:
Congresso em Foco – Como o senhor avalia os oito meses de governo Bolsonaro?
Cid Gomes – É um governo dirigido por uma pessoa completamente despreparada, sem noção do que é o Brasil e o que é pior para mim, não tem humildade, é arrogante. Nessas horas ou nós outros que não somos governo começamos a nos preocupar com o Brasil ou desse governo não se pode esperar muita coisa.
Haddad tem dito que não conversou com Ciro esse ano, mas que manteve diálogo com o senhor.
A gente pretendeu, e acho que para mim isso é página virada, demarcar uma posição diferente do PT. Daqui para frente se em algum momento, algum ponto nos coloca em trincheira comum, nós com o PT, nós iremos travar luta. Queremos só demarcar e acho que de uma forma conseguimos, somos diferentes do PT, não apostamos no quanto pior melhor. Temos preocupações com o Brasil acima de preocupações partidárias. É isso que a gente queria demonstrar, é possível ter um governo progressista sem os vícios, sem cometer os equívocos e erros graves que o PT cometeu quando governou. Nosso inimigo não é o PT, temos um projeto para o Brasil e vamos seguir uma convergência com o que nós acreditamos. Não temos nenhum problema em fazer uma luta comum.
Por que esse canal de diálogo foi fechado com o Ciro e não com o senhor 100%?
A pergunta deve ser melhor respondida pelo Haddad. Eles fazem isso para querer atribuir ao Ciro uma personalidade difícil e eventualmente outra que é mais fácil. O Haddad, o que ele disse que conversou comigo é um telefonema em que ele diz assim, chegou um recado: “você está em Brasília hoje?” E eu disse: “estou”. Ele: “podemos conversar no final da tarde?” [Cid respondeu] “Claro, às suas ordens, quando você quiser” [Haddad] “18 horas está bom para você?” [Cid] “18 horas está ótimo”. Quando chegou 18h15 ele disse: “tive que viajar, a gente conversa outro dia”. Desse jeitinho que estou lhe dizendo, sem tirar nem por nada. Eu cumprimentei agora, 500 dias do Lula, eu fui sair para fumar e vinha Gleisi Hoffmann e eu pensei… Nada! Gleisi me deu um beijo, tudo bem? Ideli [Salvatti, ex-ministra de Dilma Rousseff] me abraçou, não deu nenhum problema, não. Se perguntar se tem alguma queixa do PT, eu tenho uma, o PT me colocou em uma condição de estar envergonhado de dizer que sou de esquerda. O PT passou a ideia, noção de que esquerda é corrupta. Estou falando isso, mas é página virada, me dou muito bem, afino muito bem, acho que é um cara de futuro esse menino lá o Rogério, senador de Sergipe [pelo PT]. Ponderado, comprometido com teses progressistas, de diálogo, que vem de outra escola.
O Bolsonaro pode unir a oposição?
Acho que um grande erro na política brasileira é você se unir contra alguma coisa. Isso dá no Bolsonaro. Se unir contra e não em favor de alguma coisa, acho que o Brasil tem que se reunir em torno de um projeto, não de pessoas. Projeto claro, discutir em torno de uma posição e se reunir em torno de um projeto. Se na nova [eleição], ficar de novo, ressentimento contra a velha política, contra o PT, contra os partidos tradicionais e vai entrar o nosso amigo Luciano Huck. Luciano acho que é muito melhor que o Bolsonaro, mas as coisa não são assim, se não tiver um projeto claro, experiência, vivência, traquejo, vai dar nessas maluquices aí. Estamos falando de um país complicado, cheio de conflitos, contrastes, tem que ter alguém com uma visão mais ampla, disposto ao diálogo, que procure fazer tudo diferente do que o Bolsonaro está fazendo. Qualquer pessoa que chegue ao governo, o razoável é ter que serenar, a campanha já passou, vamos ver aqui o que o Brasil precisa, vamos prestar um pacto em torno de alguma coisa, pelo menos alguma coisa não é possível que a gente não consiga reunir e conclamar as pessoas a isso. Não ficar enxotando, brigando, agredindo e fazendo das bandeiras de negação que foram as bandeiras que o elegeu, um projeto de governo. Bandeira de negação, tudo bem, sou contra que aquele artista pegue dinheiro para se locupletar e no lugar disso o que coloco? Vou fazer com que a Ancine, estou falando de uma coisa mais periférica, embora a cultura seja absurdamente importante e cinema seja expressão cultural, absurdamente importante, que é mercado, emprego, fazer disso um item de importação, de geração de renda. Vou botar para a Casa Civil, o que estou sinalizando com isso? Um político medíocre, mesquinho, Onyx, até de nome mudou, era Ônyx, virou Onyx, para cuidar de cinema? O que tem a ver? Ele faz da negação e não coloca nada no lugar ou o que faz de mudança é mesquinharia, não tem projeto. Por que não faz um puta conselho para tratar disso? Um conselho livre, que não vai ser só os odientos, os bolsominions, só o serviçal babaca dele, esse Onyx. Eu sinceramente não consigo enxergar perspectiva de nada que se preste desse governo. Isso tem um lado bom, quem está fora do governo vai começar a se preocupar com o Brasil. Vamos fazer as coisas, o Senado, a Câmara, o Poder Judiciário, Ministério Público, os governos de estado, prefeituras. Vamos ver se a gente se vira, esquece, reduz a expectativas de governo federal e vamos tocar o Brasil sem essa maluquice.