Francisco
Fenelon Pereira – identificado na sua vida civil por Chico Fenelon – nasceu no
dia 7 de fevereiro de 1931, no Sítio Andreza, pertencente ao Município de
Assaré. Seus pais foram Antonio Fenelon Pereira e Antonia do Espírito Santo que
vivia da agricultura familiar.
FOTO : gAZETA DO Cariri
Na comunidade onde nasceu foi alfabetizado aos
12 anos e chegou a concluir o terceiro ano primário na ocasião em que a família
morou no Distrito de Tapera, hoje Nova Olinda. Parou de estudar por falta de
condições financeiras, mas aquilo que aprendeu foi o suficiente ao seu projeto
de vida. Ao trabalhar na loja de um tio criou gosto pelo comércio. Estava ele
com 18 anos quando seus pais mudaram-se para São Paulo, uma espécie de terra
prometida, onde se ganhava muito dinheiro.
Por
determinação própria e sem encantos com a ‘terra dos bandeirantes’ Chico
Fenelon não seguiu viagem com a família. Entendia ele que o seu porto segura
era o Ceará. Deixou o balcão da loja de tecidos onde trabalhava e veio ao
encontro de outro tio por nome de Antonio Marrocos, no Distrito de santa
Tereza, que o incentivou a trabalhar como mascate. Ora em lombo de animais, ora
à pé, Chico Fenelon palmilhou os sertões do Cariri Oeste. Essa atividade o deixou
muito conhecido e foi o ponto de partida para anos mais tarde, criar a
distribuidora Fenelon, a primeira na região.
No ano de 1950
se estabeleceu comercialmente em Santa Tereza, no entanto, dois anos mais
tarde, se desfez do comércio local para tentar uma nova sorte no Estado do
Maranhão. Fora bem sucedido nas terras maranhenses, mas o seu sonho estava no
Ceará. E estava mesmo, pois, ao regressar da terra de Gonçalves Dias, voltou a
se estabelecer em Santa Tereza, recuperou a clientela e se fez noivo,
casando-se no mesmo ano, com a bela jovem Terezinha Correia de Meneses, filho
do agropecuarista Zacarias Correia de Meneses.
Terezinha
herdara do pai a vocação para o trabalho. Chico Fenelon teve a partir daí um
braço forte ao seu favor. Ela passou a ajudá-lo diretamente no estabelecimento
comercial. Enquanto isso os negócios prosperavam e chegavam também os filhos.
São Antonio, Kelma, Vânia, Rivânia, Cleuba, Neiva, Cesar e Carla. Sobre a sua
convivência com a primeira esposa, relata Chico Fenelon: “Nosso casamento foi
sólido e resistente, pois, fomos sustentados pela sinceridade e o amor”.
Na caminhada
do tempo Chico Fenelon observava que Santa Tereza não se caracterizava mais
como um pequeno aglomerado. Nos seus arredores cresciam as áreas de plantações
e criatórios. Ele mesmo se interessava pela atividade agro-pastoril.
A mesma
observação também passava pela mente do Coronel Manoel Pinheiro de Almeida,o
seu Né, homem de posses, tendo inclusive exercido o mandato de prefeito de
Farias Brito, a quem o distrito de Santa Tereza pertencia. Começa assim, a
partir de 1956 a campanha pela emancipação. Chico Fenelon fazia parte do grupo
liderado pelo coronel Né e teve seu nome confirmado para candidatar-se a
vereador, com o compromisso de defender na Câmara a emancipação. Eleito, Chico
Fenelon cumpriu fielmente a promessa. Para defender a emancipação na Assembléia
Legislativa, teve como padrinho, o deputado estadual Cincinato Furtado Leite.
Conseguida a emancipação o grupo defendeu o nome do coronel Né de Almeida para
concorrer pela UDN. No entanto, um fato lamentável marcou a campanha: o coronel
Né de Almeida fora assassinado no dia da convenção.
Perplexo com o
ocorrido, o grupo udenista perdeu totalmente o estímulo. Chico Fenelon não.
Reanimou os companheiros e eles avalizaram o seu nome para concorrer. Lembram
muitos altaneirenses que o clima da primeira eleição foi bastante tenso. Pois,
o Governo do Estado mandou forças policiais para intimidar população para
que votasse no candidato do PSD. O eleitorado decidiu-se por Chico Fenelon. Com
a denominação de Altaneira, o Município foi instalado no dia 11 de dezembro de
1960.
No seu
primeiro mandato de prefeito já se tornou um dos mais influentes políticos da
região. A sua competência em administrar bem com poucos recursos impressionava.
Na época as verbas chegavam somente de seis em seis meses. Eram as conhecidas
cotas federais, hoje FPM. Em dois anos apenas, entregou o Município bem
instalado e fortalecido. A partir de 1962, passou a apoiar outros políticos que
faziam parte do grupo. Veio concorrer somente em 1972 e 1976 não obtendo êxito.
Já em 1982 volta à Prefeitura pelos braços do povo, conseguindo fazer um
mandato exemplar, revolucionando a educação, a saúde e as políticas sociais.
Por duas vezes mais exerceu o mandato de vice-prefeito da terra de Santa
Tereza.
É importante
lembrar que o cidadão Chico Fenelon sempre foi o mesmo homem generoso, humilde,
trabalhador, corajoso, servidor e solidário dentro ou fora do poder público.
A partir da
década de 1970 Chico Fenelon colocou em pratica um projeto que pensou quando
era mascate: montar uma distribuidora de mercadorias para atender aos pequenos
comerciantes das regiões periféricas das cidades, distritos e sítios. Para
tanto, precisava centralizar o armazém em um centro estratégico. Foi quando se
decidiu pelo Assaré, a sua terra natal.
Com a distribuidora, ele fazia a
entrega da mercadoria e orientava, como faz hoje o SEBRAE, o comerciante a
trabalhar com os novos produtos que entrava no mercado. Nas localidades onde
não existiam bodegas, Fenelon procurava uma pessoa da comunidade para
incentivar a trabalhar com vendas. Na verdade, ele descobria a vocação em um
jovem e duto dava certo. Foram mais de uma centena de pequenos empreendedores
descobertos por Fenelon. A maioria permanece na atividade comercial até hoje. E
bem sucedidos.
Em paralelo,
instalou na cidade de Assaré uma moderna loja de eletrodomésticos e móveis que
fora entregue a sua esposa dona Terezinha.
Após 50 anos
de exemplar convivência, seu Chico Fenelon foi surpreendido juntamente com os
filhos e filhas, da rápida e agressiva doença que levou a óbito dona Terezinha.
Por mais de um ano permaneceu viúvo, com dificuldades domésticas, pois,
continuava trabalhando intensamente, mas um lar definido. Foi quando se
afeiçoou à também viúva Francisca Devanilda Nogueira, casando-se, depois de
combinar com os filhos e filhas dele e dela, fazendo hoje um par ideal.
Francisco
Fenelon Pereira faleceu na madrugada deste dia 12 de outubro de 2019, em
Juazeiro do Norte, onde se encontrava internado.