O presidente do PSL, deputado Luciano Bivar (PE), disse nesta
quarta-feira, 9, considerar que o presidente da República, Jair
Bolsonaro, já decidiu pela saída do partido. "Quando ele diz a um
estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra
que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL", afirmou o dirigente
partidário ao Broadcast Político, sistema de notícias em tempo real do
Grupo Estado.
FOTO : A CRÍTICA
Na terça-feira, 8, Bolsonaro disse a um
apoiador que se identificou como pré-candidato pela legenda no Recife
para que ele esquecesse o partido e afirmou que Bivar "está queimado
para caramba".
O presidente, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo, avalia deixar a legenda.
Bivar
disse não entender o que motivou o presidente a dar tais declarações.
"Ontem mesmo, eu recebi um convite para ir a uma cerimônia no Palácio do
Planalto e tinha um jantar marcado com o ministro da Justiça, Sérgio
Moro. Então, não vi indicativo nenhum", comentou.
Para ele, a
intenção do presidente ao atacar o PSL é mostrar que não tem
envolvimento com denúncias sobre irregularidades envolvendo a
candidaturas de mulheres que seriam laranja para obter recursos
públicos. "Acho que ele quis sair porque tem preocupação com as
denúncias de laranjas. Ele quer ficar isento dessas coisas", afirmou
Bivar.
Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais
denunciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, por
irregularidades envolvendo candidaturas de mulheres nas eleições de
2018. Antônio presidia o PSL mineiro à época.
Cálculo político
Outro
fator apontado pelo presidente do PSL para justificar o ataque de
Bolsonaro à legenda seria um cálculo político do presidente para
garantir a sua reeleição. "Ninguém é eleito presidente sem ter acertos.
Como ele vem em um processo de reeleição, talvez ele saiba qual é o
melhor caminho a ser seguido. Espero que ele tenha sucesso", disse.
Embora
ainda não tenha definido o seu destino, Bolsonaro avalia vários
cenários políticos e deseja um partido que possa controlar, para
impulsionar sua candidatura à reeleição, em 2022. A União Democrática
Nacional (UDN) já pediu registro como partido no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) e quer que o presidente se filie à sigla.
A
saída de Bolsonaro pode provocar uma debandada no PSL. Dirigentes do
partido ouvidos pela reportagem afirmam que o presidente pode levar
consigo até 15 dos 53 deputados federais, além de dois dos três
senadores - Flávio Bolsonaro (RJ) e Soraya Thronicke (MS).
Bivar,
no entanto, afirma não se preocupar com um eventual esvaziamento da
legenda. "Redução ou aumento da bancada não representa nada, o
importante é manter a nossa linha de conduta e dignidade", afirmou.
Ele
diz ainda que as bancadas no Congresso continuarão apoiando as pautas
do governo. "Nenhuma turbulência vai alterar o comportamento do
partido", disse.
Questionado sobre se pretendia procurar
Bolsonaro para conversar, Bivar afirmou não ver motivos para procurá-lo
agora. "Tenho que respeitar a posição dele, não vou ser invasivo ou
inconveniente", afirmou.
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