Aprender
um idioma diferente do nativo pode abrir um amplo horizonte, com mais
perspectivas de vida e compreensões variadas de mundo. Além disso, pode
significar a abertura de oportunidades profissionais, tendo em vista às
necessidades de mercado atuais. O Governo do Ceará está atento a esta
demanda e aposta no potencial de seus cidadãos. Assim, visando torná-los
mais competitivos no mercado de trabalho, além de proporcionar o
desenvolvimento econômico do estado, lançou em 2018 os Centros Cearenses
de Idiomas (CCI), que estão ligados à Secretaria da Educação (Seduc).
Os equipamentos são voltados ao atendimento de alunos e professores da
rede pública estadual de ensino. Ao todo, a rede pública
estadual de ensino conta com 13 Centros de Idiomas, distribuídos nos
municípios de Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Itapipoca,
Crateús, Iguatu e Juazeiro do Norte, que juntos dispõem de 9.488 vagas.
Para 2020 há a previsão de serem inauguradas mais três unidades, nos
municípios de Quixadá, Camocim e Aracati. Todas as unidades ofertam os
cursos de inglês e espanhol, sendo que a do bairro Papicu, em Fortaleza,
disponibiliza também o francês. Existe, ainda, a previsão de que o
idioma mandarim seja ofertado.
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Hugo
Daniel Rodrigues, de 16 anos, é aluno da 1ª série do ensino médio na
Escola Deputado Manoel Rodrigues, em Fortaleza. Nos dias de terça e
quinta à tarde, tem aulas de inglês no CCI – Unidade Papicu, onde cursa o
1º semestre. O estudante, que está iniciando a vida profissional por
meio do Programa Primeiro Passo, do Governo do Ceará, já identifica os
benefícios que o conhecimento da língua estrangeira vem lhe
proporcionando no trabalho. Hugo atua como aprendiz no Tribunal
Regional Eleitoral (TRE-CE), no posto do bairro Papicu. Na área de
atendimento ao público, o jovem conta que já teve diversas experiências
de recepcionar estrangeiros, comunicando-se na língua inglesa.
“Por eles não serem fluentes no português, e eu já ter mais
familiaridade com o inglês, consigo atendê-los no próprio idioma. Esse é
um dos pontos em que o CCI está me ajudando”, revela. Além
deste aspecto, Hugo Daniel considera que vem ultrapassando barreiras
pessoais desde que começou a estudar no CCI, há pouco mais de um mês.
Este tempo relativamente curto já foi suficiente, por exemplo, para
vencer a inibição social. “Tinha muita dificuldade em me
socializar, ficava nervoso. Acho que as dinâmicas das professoras, com
aulas bem interativas, auxiliam nesse processo. Como sou da função de
atendimento ao público, essa parte é muito importante no meu trabalho”,
avalia. “No começo a gente fica um pouco tenso, porque vai lidar com uma
pessoa de outra cultura, em outro idioma, mas então lembramos do que
estamos aprendendo, e dá tudo certo”, analisa. Hugo Daniel diz
pretender aprofundar-se no estudo do inglês, mas tem também a intenção
de aprender outras línguas, entre elas, a francesa – que é ofertada na
Unidade Papicu do CCI.
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Judah
Américo Brito, de 18 anos, cursa a 3ª série do ensino médio na Escola
Governador Adauto Bezerra, em Juazeiro do Norte, e faz curso de Inglês
no CCI daquele município há um ano. Por causa dos conhecimentos
adquiridos na unidade, ele conta, já teve a oportunidade de apresentar
um projeto científico na língua inglesa, com segurança, em atividade
promovida pela Universidade de São Paulo (USP), em setembro passado.
“Graças ao CCI, fui para o evento com algum conhecimento, o que foi um
diferencial. Por mais que ainda não seja fluente, essa orientação foi
muito importante. Pude fazer a tradução do meu próprio projeto e expor”,
conta. Antes, em março, Judah havia participado da Feira
Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), organizada pela Escola
Politécnica da USP, ocasião em que expôs o trabalho “Abelhas,
polinização e agricultura: um estudo sobre a importância da polinização
numa perspectiva de manutenção da biodiversidade e da sustentabilidade
alimentar”. Por ter tido destaque, recebeu convite da USP para
participar, em setembro, de uma imersão em inglês, que contou com apoio
da Embaixada e do Consulado dos Estados Unidos no Brasil.
“Pretendo trabalhar e estudar fora, caso se apresente alguma
oportunidade. É um dos objetivos que tenho na vida, e sei que o inglês
me auxiliará na jornada. A metodologia do CCI é diversificada, de modo
que a gente aprende de forma divertida, dinâmica e sem ser monótona”,
considera. “Também me ajudará bastante em seleção de mestrado, vaga de
emprego e intercâmbio”, complementa o jovem, que também sonha em ser
médico.
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A
orientação pedagógica dos CCIs tem base na abordagem comunicativa, com a
integração das quatro habilidades da língua: acuidade auditiva, oral,
leitura e escrita. As unidades dispõem de notebooks, TV nas salas,
internet e material didático para todos os alunos. Os cursos
têm duração de até 3 anos, organizados em seis módulos semestrais, com
60 horas-aula cada, totalizando 360h. A certificação pode ser feita após
a conclusão de cada módulo ou do conjunto de módulos.
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A
professora de química Nara Dêjylla Santos, que está tendo aulas de
inglês no CCI – unidade Itapipoca, afirma que a oportunidade de aprender
o idioma tem lhe auxiliado na preparação profissional. “Aqui podemos
pensar em coisas antes inatingíveis, como viajar para estudar, trabalhar
ou morar em outro país. Estudar no CCI me permitiu sonhar mais alto e
ter novos planos para o futuro, querendo ‘algo mais’ em todos os
sentidos da vida”, considera. “Fazer um curso de língua não é
fácil, ainda mais para nós, que já somos adultos e temos uma rotina de
trabalho, família e estudo. Está sendo realmente desafiador, porém,
acredito que tudo que é feito com esforço e vontade se encaminha para o
sucesso”, conclui. Como lembra o secretário executivo do Ensino
Médio e da Educação Profissional da Seduc, Rogers Mendes, a atuação dos
CCIs pode ser considerada sob duas perspectivas principais. A primeira
diz respeito ao fortalecimento do currículo das escolas, proporcionando o
aprofundamento de uma língua estrangeira em um ambiente de imersão. A
segunda tem o sentido de ampliar as oportunidades de inserção no mundo
do trabalho. “Ao aprender uma nova língua, o estudante se sente
mais encorajado a ir em busca de algo que, a princípio, não estava no
seu campo de visão. A expectativa de explorar outras possibilidades é
muito maior. A experiência internacional é o que mais instiga os jovens,
e o conhecimento de uma língua estrangeira é muito importante para que
possam se ver complementando sua formação acadêmica em nível
internacional, para trazer de volta ao Ceará um conhecimento
diferenciado. O futuro das relações econômicas está na perspectiva do
cérebro, do pensar criativo, e expandir os próprios horizontes pode ter
um resultado muito impactante para a vida”, pondera.
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No
início deste mês, o governador Camilo Santana sancionou a lei que trata
do Programa Estudar Fora. A iniciativa tem como objetivo garantir aos
estudantes da rede pública estadual de ensino a possibilidade de
aprofundar os conhecimentos em uma língua estrangeira por meio de
intercâmbio internacional, de forma gratuita.