Uma visita não agendada do deputado federal
Daniel Silveira (PSL-RJ) e do deputado estadual do Rio de Janeiro
Rodrigo Amorim (PSL) à sede do Colégio Pedro II, em São Cristóvão, na
zona norte do Rio, causou confusão e protestos na escola nesta
sexta-feira, 11.
Conhecidos por quebrar uma placa de rua em homenagem à vereadora do Rio Marielle Franco (PSOL), na campanha eleitoral de 2018,
os dois foram recebidos por alunos ao coro de "Ô Marielle, quero
justiça, não aceitamos deputado da milícia". Os parlamentares alegam
terem sido barrados ao chegar e afirmaram que levarão o caso ao
Ministério da Educação.
Segundo nota de Amorim, a visita foi iniciativa de
Silveira, "atendendo pedido de diretoras que o procuraram em seu
gabinete em Brasília, pedindo apoio por meio de emendas para melhoria de
estrutura e segurança". O deputado estadual afirmou ter acompanhado a
vistoria "com o objetivo de verificar de que forma a segurança no
entorno do colégio pode ser melhorada". O objetivo, alegou, seria
preservar os alunos "do assédio de traficantes de drogas".
Ainda segundo a nota, a vistoria faz parte do que os
deputados chamam Cruzada pela Educação, que "não tem escopo ideológico,
por mais que se tenha verificado nos locais visitados até agora uma
forte doutrinação".
"As vistorias vão continuar, sempre com o foco na
segurança dos alunos e nas estruturas necessárias para o bom desempenho
escolar", prossegue a nota divulgada por Amorim.
Segundo o deputado, eles devem encaminhar representação
ao Ministério da Educação "pela forma truculenta com que foram
recebidos, chegando até a serem barrados - mas tendo a entrada liberada
em seguida. Ambos foram ao local acompanhados somente de assessores
parlamentares e sem seguranças", conclui a nota.
O Colégio Pedro II não se manifestou individualmente,
mas divulgou nota do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal
de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif). Na mensagem,
esse órgão afirmou que "a comunidade do Colégio Pedro II foi
surpreendida pela 'vistoria' de deputados (...), com a justificativa de
que estariam em busca de subsídios para a destinação de emendas e de
elementos com conotações políticas. A forma abrupta dessa visita, sem
agendamento prévio, repercutiu negativamente na comunidade acadêmica,
causando indignação e tumulto no colégio".
O Conif manifestou "integral repúdio a quaisquer
iniciativas que visem desestabilizar o funcionamento de instituições de
ensino, incentivar a desconstrução dos valores éticos institucionais
e/ou que expressem perseguição aos dirigentes públicos", além de repúdio
aos "constantes e generalizados ataques contra a autonomia das
instituições públicas de ensino e contra os gestores, eleitos
democraticamente e dedicados à promoção da educação pública, ética e
cidadã".
A reportagem procurou o deputado federal Daniel Silveira, na tarde desta sexta-feira, mas não o localizou.