Em nova reviravolta, Delegado Waldir entrega cargo e Eduardo Bolsonaro vira líder do PSL

Blog do  Amaury Alencar
Apesar da confirmação, o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro não quis se proclamar o novo líder do partido na Câmara
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Em nova reviravolta dentro do PSL, o Delegado Waldir (GO) decidiu entregar o cargo de líder do partido na Câmara. O deputado Eduardo Bolsonaro (SP) é o novo ocupante do posto.

A Secretaria-Geral da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados confirmou nesta segunda-feira (21) o nome de Eduardo como novo líder do PSL na Casa. Segundo a secretaria, a ala bolsonarista do PSL conseguiu coletar 32 assinaturas em apoio de Eduardo. Desse total, três eram repetidas e uma não conferiu, o que significa que apenas 28 assinaturas foram consideradas válidas -eram necessárias pelo menos 27.
Câmara dos Deputados
Apesar da confirmação, o filho 03 do presidente Jair Bolsonaro não quis se proclamar o novo líder do partido na Câmara, antevendo uma “sucessão de listas”.
Eduardo também negou haver um acordo entre o presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), e o ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, para que não fosse apresentada uma lista com o nome do filho de Bolsonaro como líder do partido na Câmara.
O deputado disse ainda não ter rancor do grupo de Bivar. “Aqui nós somos políticos. O político não faz o que ele quer, o político é a arte do possível”, afirmou.
“A gente está tentando colocar panos quentes desde ontem, sem falar nada em rede social, hoje participei da sessão da família. Pretendo continuar colocando adiante hoje o pacote anticrime do ministro Moro. Quem faz o julgamento são as pessoas. O deputado aqui presta satisfação a seus eleitores.”
Ele afirmou ainda desejar que o PSL volte a ser o partido do governo.
A confirmação pela secretaria ocorreu pouco depois de Waldir entregar o cargo. A desistência do deputado de ocupar o posto foi anunciada por meio de um vídeo gravado por ele na manhã desta segunda-feira e divulgado por sua assessoria de imprensa.
“Venho a público fazer um esclarecimento, o meu partido, o PSL, decidiu retirar a ação de suspensão de cinco parlamentares e aceitamos democraticamente que foi feita por parlamentares. Já estarei à disposição do novo líder para de forma transparente passar para ele toda a liderança do PSL”, disse o deputado.
Ao falar que as suspensões foram desfeitas, Waldir se refere à decisão tomada na semana passada pelo comando do partido.
Bivar anunciou a suspensão de cinco deputados ligados ao presidente -Carlos Jordy, Alê Silva, Bibo Nunes, Carla Zambelli e Filipe Barros. O objetivo da manobra era impedir que eles representassem a legenda em qualquer atividade na Câmara, incluindo a votação para líder da bancada.
O anúncio da desistência das suspensões e do cargo de líder foi feito por meio de um vídeo caseiro gravado pelo próprio Waldir no qual se pode notar que ele lê uma mensagem pronta.
O deputado, que na semana passada foi gravado dizendo que poderia implodir o presidente, não faz nenhuma menção direta ao seu nome, mas manda um recado para o Palácio do Planalto ao dizer que o Poder Executivo não pode interferir no Legislativo.
“Queria agradecer os parlamentares que confiaram nesse nosso projeto, dizer que não somos subordinados a nenhum governador, a nenhum presidente, mas sim ao meu eleitor e vou continuar defendendo todas prerrogativas do Parlamento. Nós não rasgamos a Constituição ainda. Nós não rasgamos a Constituição. A Constituição prevê que o Executivo não deve interferir no Parlamento em nenhuma ação”, conclui.
Isso porque na manhã desta segunda a ala do PSL ligada ao presidente Bolsonaro retomou os esforços para tentar destituir Waldir, que é aliado de Bivar.
O líder do governo na Casa, Major Vitor Hugo (PSL-GO), disse ter protocolado às 9h30 junto à Secretaria-Geral da Mesa Diretora uma lista com 29 assinaturas para destituir Waldir da liderança do PSL na Câmara e substitui-lo por Eduardo.
Em uma rede social, Vitor Hugo afirmou ter assinado a lista e reunido as assinaturas de Alê Silva (MG), Aline Sleutjes (PR), Bia Kicis (DF), Bibo Nunes (RS), Carla Zambelli (SP), Carlos Jordy (RJ), Caroline de Toni (SC), Chris Tonietto (RJ), Coronel Armando (SC), Coronel Chrisóstomo (RO), Daniel Freitas (SC), Daniel Silveira (RJ), Dr. Luiz Ovando (MS), Eduardo Bolsonaro (SP), Enéias Reis (MG), Filipe Barros (PR), General Girão (RN), General Peternelli (SP), Guiga Peixoto (SP), Helio Lopes (RJ), Junio Amaral (MG), Léo Motta (MG), Luiz Lima (RJ), Luiz Philippe de Orleans e Bragança (SP), Marcelo Brum (RS), Marcio Labre (RJ), Ricardo Pericar (RJ) e Sanderson (RS).
A reviravolta é mais um desdobramento do racha enfrentado pelo partido de Bolsonaro, evidenciado há duas semanas quando ele disse que Bivar estava “queimado para caramba” e admitiu que pretende deixar a legenda.
Na semana passada, o presidente decidiu retirar a deputada Joice Hasselmann (SP) da liderança do governo no Congresso. Ela foi substituída pelo senador Eduardo Gomes (MDB-TO), que é vice-líder.
Do outro lado, Bivar decidiu ainda destituir Eduardo e o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho mais velho do presidente, dos comandos da legenda em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Outra aliada de Bolsonaro, a deputada Bia Kicis (PSL-DF) também foi removida da presidência do PSL do Distrito Federal.
Em meio a isso tudo, foram divulgados dois áudios que acirraram os ânimos nas duas alas. O presidente foi gravado falando com um interlocutor sobre a lista para retirar Waldir da liderança do PSL. Em outro, o próprio Waldir chamou Bolsonaro de vagabundo e disse que ia implodir o presidente.
O áudio, de duração de nove minutos, traz uma série de reclamações dos deputados sobre a interferência do presidente na liderança do partido.
O escalonamento da crise levou a denúncias de compra de apoio de parlamentares por Bolsonaro. Segundo Waldir, o presidente teria oferecido cargos e controle partidário a quem votasse em Eduardo para líder do PSL na Câmara.
A atual crise no partido tem como origem o esquema de candidaturas laranjas do PSL, caso revelado pelo jornal Folha de S.Paulo em uma série de publicações desde o início do ano. O episódio é um dos elementos de desgaste entre o grupo de Bivar e o de Bolsonaro, que ameaça deixar o partido.

Fonte: Folhapress