Ex-assessor e planilha apreendida implicam Bolsonaro e ministro do Turismo em caixa 2; Moro defende presidente

Blog do  Amaury Alencar


O presidente Jair Bolsonaro participa da solenidade de Lançamento da Campanha do Projeto Anticrime no Palácio do Planalto em Brasília (DF), nesta quinta-feira (03).
O presidente Jair Bolsonaro participa da solenidade de Lançamento da Campanha do Projeto Anticrime no Palácio do Planalto em Brasília (DF), nesta quinta-feira (03).(Foto: ESTADÃO CONTEÚDO)
Depoimento concedido à Polícia Federal e a descoberta de uma planinha apreendida em uma gráfica levantam suspeitas de que o dinheiro do esquema de candidatas laranjas do PSL em Minas Gerais foi desviado para abastecer, através de caixa dois, as campanhas eleitorais do presidente Jair Bolsonaro e do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, ambos filiados ao partido. As informações são da Folha de São Paulo.

O ex assessor parlamentar e coordenador da campanha de Álvaro Antônio à época, Haissander Souza de Paula, disse em seu depoimento à PF que "acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro". A verba teria sido usada duranta a campanha de Álvaro a deputado federal no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. 

O ex assessor parlamentar e coordenador da campanha de Álvaro Antônio à época, Haissander Souza de Paula, disse em seu depoimento à PF que "acha que parte dos valores depositados para as campanhas femininas, na verdade, foi usada para pagar material de campanha de Marcelo Álvaro Antônio e de Jair Bolsonaro". A verba teria sido usada duranta a campanha de Álvaro a deputado federal no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

Além do depoimento, em uma planilha nomeada como "MarceloAlvaro.xlsx", há referência sobre o fornecimento de material eleitoral para a campanha de Bolsonaro com a expressão "out", o que, na compreensão dos investigadores, significa "pagamento por fora". Álvaro Antônio, deputado federal mais votado em Minas Gerais, também foi coordenador no estado da campanha presidencial de Bolsonaro. 

Na última sexta-feira, 4, o ministro foi indiciado pela Polícia Federal e denunciado pelo Ministério Público de Minas Gerais sob acusação dos crimes de falsidade ideológica eleitoral, apropriação indébita de recurso eleitoral e associação criminosa. Ele nega irregularidades. A pena pelos crimes citados pode ser de cinco, seis e três anos, respectivamente.

Já Haissander foi preso por cinco dias no final de junho, ao lado de outros dois investigados - entre eles o atual assessor de Álvaro Antônio no Turismo. O seu depoimento foi colhido nove horas após sua prisão, no dia 27 de junho. A demora aconteceu devido à espera por um advogado, que não chegou a tempo. No interrogatório de custódia, o ex-assessor afirmou que não confirmava as declarações dadas anteriormente. 

A defesa tentou invalidar o primeiro depoimento, mas a Justiça negou o pedido. Álvaro Antônio, Haissander e Mateus Von Rondon (assessor especial do Ministério), um ex-assessor, dois representantes de gráficas, um deputado estadual do PSL e quatro candidatas laranjas do PSL foram denunciados na sexta, 4. Cabe à Justiça decidir se aceita ou rejeita a denúncia do Ministério Público.

Ministro Sérgio Moro nega caixa dois

Em relação às denúncias da Folha de São Paulo sobre suposto caixa dois para campanha de Bolsonaro e para o deputado federal Álvaro Antônio, ambos do PSL, o ministro Sérgio Moro (Justiça) afirmou que o presidente fez a campanha "mais barata da história". O juiz publicou em sua conta no Twitter, na manhã deste domingo, 6, que "nem o delegado, nem o Ministério Público, que atuam com independência, viram algo contra o PR neste inquérito de Minas".
A publicação de Moro foi curtida por Bolsonaro e compartilhada pelo presidente em sua conta no Facebook. O posicionamento de Moro, no entanto, tem sido visto como um indicativo de que ele tem acesso a investigação sigilosa. Essa não é a primeira vez, no entanto. Em entrevista coletiva no fim de junho deste ano no Japão, Bolsonaro disse ter obtido de Sergio Moro, titular do ministério, uma “cópia do que foi investigado pela Polícia Federal”.
Com informações da Folha de São Paulo