Prometendo "renovação", o MDB confirmou o deputado federal
Baleia Rossi (SP) seu presidente, em convenção marcada pelas presenças
de velhos caciques da legenda como o ex-presidente José Sarney, o
ex-presidente do Senado Eunício Oliveira e os ex-ministros Moreira
Franco e Alexandre Padilha.
Em seu discurso, Rossi afirmou
que o MDB precisa de uma identidade e mostrar que é "possível viver sem
ser governo".
foto Internet
"Hoje precisamos escolher novas bandeiras. É preciso saber
que é possível viver sem participar de governo porque somos muito maior
do que isso", afirmou Rossi, que sucede o ex-senador Romero Jucá.
Sob
o slogan "Renovação Democrática", o encontro planejado para mostrar um
"novo MDB" serviu também de palanque para resgatar velhas lideranças
políticas afastadas dos holofotes por derrotas nas urnas nos últimos
pleitos ou por investigações como a Operação Lava Jato.
"A
unidade do partido é fundamental para gente poder mudar, reconectar o
nosso partido com os anseios da sociedade e da voz a nossa militância.
Respeitando a nossa história, mas também sabendo que o partido tem que
olhar para frente", afirmou Baleia Rossi.
Os salões do Centro
de Convenções do Meliá 21, na região central de Brasília, estavam
repletos de imagens do ex-presidente da Câmara Ulisses Guimarães,
fundador e um dos políticos históricos da legenda. Ao microfone, os
emedebistas enalteciam o governo do ex-presidente Michel Temer, que não
compareceu.
Sem Temer, a grande estrela do velho MDB foi o
ex-presidente José Sarney. Aos 89 anos, ele teve dificuldade de circular
por conta da tietagem de filiados. A cada momento o ex-presidente era
parado para fotos. "Falam do velho Sarney. Não me sinto velho, não. Sou
jovem como disse o Jucá. E ainda me sinto mais jovem vendo todas as
mulheres, como vejo aqui hoje", afirmou o ex-presidente.
As
críticas à chamada "nova política" também estavam presentes. Sem
conseguir a reeleição, Jucá que assumirá uma cadeira de "vogal" na
Executiva, fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro. "Qual é a nova
política? Qual é a que ele (Bolsonaro) pratica? Política é a política. É
a boa política e a má política. Fazer política é tomar decisões para
afetar a vida das pessoas.
Quem faz bem afeta positivamente, quem faz
mal, destrói a vida das pessoas", afirmou
Presente à
convenção, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu os
quadros históricos do partido. "Nós temos muitas realizações juntos e
não devemos ter vergonha do que fizemos. Temos que valorizar e mostrar à
sociedade que temos experiência para fazê-las. Porque falar com boas
narrativas, isso é fácil. O difícil é ter bons quadros como o MDB",
afirmou.
O ex-ministro Moreira Franco afirmou que é necessário
ter "humildade" para reconhecer a necessidade de mudanças internas.
"Temos que ter humildade e fazer diferente. Os resultados das últimas
eleições para nós, do MDB, foram terríveis. Temos que incorporar,
entender, mudar para nas eleições municipais termos a mesma recepção que
o partido teve no passado", afirmou o ex-ministro.
Nem todos
os filiados presentes na convenção estavam satisfeitos com a presença
dos caciques.
"Não me sinto à vontade em uma convenção como essa. Vão
sair fotos daqui que terei vergonha", afirmou o deputado estadual no Rio
Grande do Sul, Edson Brum (MDB).
Os nove membros da executiva
eleita chegam ao comando do partido pela primeira vez. O grupo tem três
filhos de políticos tradicionais: o próprio Baleia Rossi (filho do
ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi) o deputado federal Newton
Cardoso Júnior (filho do-governador de Minas Gerais Newton Cardoso) e o
ex-deputado Daniel Vilela (filho do ex-governador de Goiás Maguito
Vilela).
Manifesto
Depois de lançar a "Ponte
para o futuro", que serviu de base para os dois anos do governo de
Temer, o MDB lançou um novo manifesto "Renovação democrática é emprego e
oportunidades" em que defende as reformas tributária, da Previdência e
as mudanças na legislação trabalhista implantadas por Temer.
O
texto propõe que o governo federal incentive a criação de emprego
fazendo parcerias com prefeituras para criar vagas para serviços de
zeladoria, varrição e pequenos reparos nos 5.570 municípios brasileiros.
"É
preciso adotar medidas emergenciais para recuperar o emprego. O MDB
defenderá uma proposta de geração de empregos com fundos de
desenvolvimento e fomentos já disponíveis", afirma Rossi.