É com carinho, emoção e fala
mansa que Manoel Nogueira Filho, de 92 anos, conta a história de seu
casamento com Alzira Maria Nogueira, de 89 anos. No último dia
16 de novembro, os dois completaram 74 anos de casados. A história
começa na década de 1940, no município de Jaguaretama, a 246 quilômetros
de Fortaleza, onde os dois nasceram e se conheceram.
“Foi em uma viagem perto (de onde
moravam). Começamos lá e (estamos) até agora”, conta Manoel. Eles
namoraram por dois anos antes do casamento, que aconteceu em um
município próximo chamado Laranjeiras. À época, Manoel tinha 20 anos e
Alzira, 16. Ele não lembra detalhes do dia do casamento, mas comenta que
“foi um dia bom. Teve festa”.
Tanto a família de Manoel quanto a de
Alzira aprovavam o casamento. O primogênito do casal hoje tem 71 anos.
Depois dele, nsaceram mais 13 filhos. “São sete mulheres e sete homens. É
uma família unida, grande. Eu tenho orgulho da minha família”, conta
Manoel.
Atualmente, os filhos estão divididos
entre Ceará e São Paulo. “Moram sete irmãos aqui no Banabuiú e sete em
São Paulo”, afirma Maria José Nogueira, ou Mazé, filha do casal. Ela é
responsável por cuidar dos pais atualmente, mas faz questão de dizer que
“todo mundo é presente”.
Há 28 anos a família se mudou
para Banabuiú, município distante 216 km da Capital. Na cidade, moram em
uma casinha próximo ao centro. “Casa simples. Cidade pequena,
mas boa da gente morar”, conta Mazé. A rotina dos dois é bem tranquila.
Manoel sai pouco de casa, principalmente agora que perdeu a visão. Seu
divertimento é sentar-se na calçada e conversar com vizinhos e família.
Já Alzira, que preferiu não ser
entrevistada, gosta de andar pela casa e tomar seu café pela manhã.
Manoel, lido pela filha como “alegre e brincalhão”, ao ser perguntado
sobre o segredo para tanto tempo de matrimônio, disse incisivo que é o
amor. “O filho faz a gente se unir mais. A relação é boa (dele e de
Alzira). Eu não gosto muito de discutir não”, complementa com graça.
A vida dos dois, entretanto, é
também “uma história de muita dificuldade”. Quem afirma é um dos
sobrinhos-neto do casal, José Miryson Lima, de 40 anos. Ele
também comenta: “eles não se desgrudam. É um pertinho do outro. É um
amor que a gente diz assim (que) na hora que um for, o outro vai junto”.
Tanto Manoel quanto Alzira sempre
trabalharam na roça e hoje vivem com o dinheiro que recebem como
aposentados. “Graças a Deus agora eles estão bem tranquilos. Criaram os
14 filhos na roça. Todos os dois (trabalhavam). A mãe trabalhava igual a
um homem na roça”, lembra Mazé.
Eles também contam com a ajuda dos outros filhos.
“As coisas hoje em dia estão muito difíceis para quem vive de um
salário mínimo. Mas graças a Deus está dando para a gente levar”,
complementa a filha.
Mazé fala animada do casamento dos pais,
que viu de perto chegar aos 74 anos. “É um orgulho para a gente. É uma
história muito difícil (de acontecer). Tudo que a gente sabe vem deles.
Somos 14 irmãos e estão todos vivos. A gente é bem unido. Agradecemos a
Deus todo dia em ter eles e pedimos para ter por muitos anos ainda”.
Para a filha, o segredo da relação
também é o mesmo contado por Manoel: muito amor. “E a união. Acho que
ele são um corpo só, principalmente agora que eles estão nessa idade e
não se separara”, encerra Mazé.
Os dois casaram no dia 16 de novembro de 1945 e juntos tiveram 14 filhos, 45 bisnetos, 66 bisnetos e 13 tataranetos. Manoel nasceu em 28/03/1927 e Alzira em 07/11/1930.
Conteúdo: opovo