A taxa de mortalidade infantil no Ceará é a
menor desde 2013, segundo dados do Painel de Indicadores
Socioeconômicos: os 10 Maiores e os 10 Menores Municípios
Cearenses/2019, elaborado pela Gerência de Estatística, Geografia e
Informação (Gegin) do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do
Ceará (Ipece). De acordo com o estudo, em 2013, o número era de 12,55
por mil nascidos vivos e em 2018, a taxa caiu para 11,99. A média
nacional no mesmo período foi de 11,72%.
O município com o menor índice de mortalidade no ano
passado foi Barreira (distante 80 km de Fortaleza), registrando 5,16
mortes por mil nascidos vivos. Já o pior resultado foi o de Acarape (60
km da Capital), com 44,78. Além das taxas de mortalidade, o estudo
apresenta também dados comparativos dos municípios cearenses em relação a
indicadores das áreas de demografia, saúde, educação, infraestrutura e
economia.
Segundo Cleyber Medeiros, analista de políticas
públicas e autor da publicação, os números foram extraídos de fontes
secundárias, a partir de dados oficiais de órgãos como o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), secretarias de governo e
também do próprio Ipece. "Os dados são recebidos pelo instituto,
tratados e validados para abastecer o banco de dados. A pesquisa é feita
desde 2010 e se trata de um recorte interessante dos municípios
cearenses - tanto os com os melhores desempenhos em vários indicadores,
quanto os que possuem os mais baixos resultados", explica. "Um estudo
como esse é importante para monitorar as ações estaduais e municipais
para direcionar da melhor maneira as diversas ações de prevenção e
controle", ressalta.
Para Tati Andrade, médica pediatra e especialista em
saúde do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), os dados
chamam a atenção. "A primeira coisa que impressiona nesse estudo são os
extremos de resultados, o que refletem a desigualdade dentro do Ceará. A
Secretaria de Saúde estadual precisa analisar o porquê dessa variação
tão grande estar acontecendo. Por outro lado, é necessário averiguar
também se o município tem um número muito pequeno de crianças, pois uma
que morre já vai impactar nessa estatística", afirma. Segundo a
especialista, as principais causas das mortes infantis estão
relacionadas ao parto.
"São casos de nascimento com prematuridade extrema ou
mesmo pré-natal de má qualidade. Se a gestante não é bem atendida, a
consequência é a morte do bebê e até da mãe. Ou seja, o caminho para
esses municípios que tiveram maus resultados é melhorar a qualidade
desses pré-natais, tratando as intercorrências simples como as infecções
urinárias, que são causas frequentes de pré-maturidade e são facilmente
tratadas, já que os medicamentos não são caros - diferente de algumas
mortes, como as causadas por doenças congênitas graves e anomalias, que
possuem tratamentos que demandam recursos maiores", pontua.
A taxa de mortalidade infantil é um indicador social
utilizado para representar o número de crianças que morreram antes de
completar um ano de vida a cada mil crianças nascidas vivas no período
de um ano. É considerado um importante indicador da qualidade dos
serviços de saúde, saneamento básico e educação de um município.
Os principais fatores que podem causar a mortalidade
infantil são a falta de assistência às gestantes, a ausência de
acompanhamento médico, a desnutrição e a deficiência no saneamento
básico.
Brasil
Em 30 anos, o Brasil reduziu a mortalidade
infantil de 47,1 a cada mil nascidos vivos, em 1990, para 13,4 em 2017.
Em 2015, subiu pela primeira vez em 20 anos