O
ministro da Economia, Paulo Guedes, estima que os juros, hoje no
patamar de 5%, têm condição de cair ainda mais. Durante o Encontro
Nacional de Comércio Exterior (Enaex) 2019, no Rio de Janeiro, o
ministro revelou que os cálculos da equipe econômica indicam que
deixarão de ser gastos quase R$ 100 bilhões com pagamentos de juros em
2020.
Segundo
o ministro, ao atacar o primeiro foco de despesas públicas com a
Reforma da Previdência, surgiu um horizonte de 10, 20 anos de controle
da expansão de gastos públicos e foi derrubada a primeira torre do
desajuste fiscal. Em consequência, começou a cair a segunda fonte de
gastos, que são as despesas com juros.
“Com
o ritmo que a gente se endividava e com juros de 7%, quando nós
entramos no governo, quando se vê a desaceleração e joga os juros que
caíram para 5% e devem continuar caindo daqui para frente, você já
economiza para o ano que vem, em despesas de juros, quase R$ 100
bilhões. R$ 96 bilhões. Então, não só controlou a primeira fonte de
desequilíbrio que era a Previdência, como já começou a atingir a segunda
fonte. Está derrubando a segunda torre do descontrole das finanças
públicas”, explicou.
Perto
do fechamento do ano, o ministro avaliou, que embora a recuperação da
economia seja gradual, o Brasil está no rumo certo. “Essa baleia foi
arpoada por 40 anos e arpoada, com impostos altos, juros altos,
regulamentação inadequada, burocracia excessiva. Para remover isso, não
se remove o que foi feito em 40 anos, em alguns meses”, contou.
Guedes
afirmou que há um programa de reforma que está sendo implementado e o
Congresso reformista abraçou. Além disso, o presidente da República
forneceu a proteção para que isso pudesse andar sem práticas políticas
antiquadas.
De
acordo com o ministro, a economia já está acelerando na margem e chega
ao fim do ano bem acima de 1%, sendo que no integral do ano pouco acima
de 1%. “Setembro sobre setembro do ano passado já está 2 e pouco. Então,
para o ano que vem a gente está relativamente seguro que ela já cresce
mais do que o dobro do que cresceu este ano. E aí tem uma dinâmica
virtuosa que começa a ser deflagrada”, apontou.
Outro
fator a ser atacado é o que chamou de “imposto mais cruel que existe no
Brasil”, que são os encargos sobre a folha de pagamento, que, segundo
ele, precisam ser eliminados. “Você hoje desemprega um brasileiro para
criar emprego para o outro. Um trabalhador tem um custo de dois. Tem aí
30 milhões ou 40 milhões de brasileiros sem a carteira de trabalho,
andando de um lado para outro, na economia informal, com baixa
produtividade”, revelou.
Funcionalismo
O
ministro acrescentou que a terceira maior fonte de gastos do governo
federal é com o salário do funcionalismo, que, segundo ele, cresceu mais
de 50% nos últimos 15 anos, acima da inflação. Guedes afirmou que de
alguma forma prefeitos e governadores precisavam de ferramentas para
segurar o desequilíbrio e isso está sendo atacado em um dos capítulos da
reforma administrativa que, garantiu, não atinge estabilidade e nem
salários dos atuais servidores. “Para frente, antes de obter
estabilidade de emprego, o servidor público é antes de tudo um servidor e
não uma autoridade”, disse
Estados e Municípios
Guedes
comentou ainda a aprovação pelo Senado da entrada de estados e
municípios na reforma previdenciária. Para ele, trazer esses entes da
federação é extremamente interessante e o melhor para o Brasil é a ideia
do governo federal perder um pouco de receita para destinar a estados e
municípios, que estão financeiramente atingidos. “O governo está
destruído financeiramente. Quebraram tudo. O soerguimento das finanças
públicas tem que ocorrer em todas as dimensões. Não adianta a União se
reabilitar financeiramente e os estados e municípios onde as pessoas
vivem, não”, pontuou.
Democracia
Segundo
o ministro, a próxima grande reforma é o Pacto Federativo, que começou a
tramitar no Senado e tem como grande objetivo a transformação do estado
brasileiro. Ele destacou que a reforma administrativa está andando
também com os três poderes interagindo razoavelmente bem às mudanças e
as divergências que surgem são naturais.
“A
democracia é ruidosa. A democracia faz barulho. Há silêncio em
ditaduras. Em regimes politicamente fechados há um silêncio enorme e as
ruas são sempre vazias. A democracia tem barulho mesmo, o pessoal sai
para as ruas. Só não pode quebrar, aí desrespeita a ordem e a lei. Mas,
fazer passeata pacífica de um lado para o outro não tem problema nenhum.
Da mesma forma a disputa territorial entre os poderes. É normal”,
observou.