No dia 6 de dezembro será definida a lista tríplice da qual sairá o nome do novo procurador-geral de Justiça do Ceará.
Até lá, os membros do Ministério Público do Estado vivem clima de
campanha eleitoral, no que se aponta como a disputa mais acirrada nos
últimos anos.
Diferentemente da eleição em 2017, não há candidato à recondução, mas
todos os quatro atuais concorrentes já figuraram, pelo menos em um
pleito, na disputa por integrar a lista tríplice da PGJ.
Concorrem ao cargo para o biênio 2020-2021 dois procuradores e dois
promotores. São eles os promotores Manuel Pinheiro Freitas e Nestor
Rocha Cabral e os procuradores Vanja Fontenele Pontes e Miguel Ângelo
Pinheiro.
O atual procurador-geral, Plácido Rios, foi eleito pela primeira vez em
2015 e reeleito em 2017. O nome é definido pelo governador do Estado a
partir dos três mais votados no Ministério Público.
Nos bastidores, desde meses antes da oficialização dos candidatos,
acontece um movimento intenso da candidatura de Vanja Fontenele,
ex-vice-procuradora-geral e que teria o apoio de Plácido Rios. Nas redes
sociais, ela é a mais atuante na publicização de apoios e propostas de
campanha.
Com 35 anos de Ministério Público, Vanja disputou o cargo com Plácido.
Em 2015, foi a 4ª colocada e ficou fora do trio enviado ao governador
Camilo Santana (PT). Em 2017, Vanja, Plácido e o procurador João de Deus
formaram uma “lista tríplice comum” em prol de uma “gestão
compartilhada”, como chamavam.
A estratégia nessa eleição é também mandar ao governador uma lista de
aliados. Além de Vanja, também são atrelados à atual gestão Manuel
Pinheiro e Nestor Cabral. Num perfil de oposição, disputa o procurador
Miguel Ângelo. Para ele, o desenho da atual eleição é diferente do de
outros anos, especialmente, segundo ele, por cada candidato focar em um
projeto próprio.
“Nunca vi uma disputa tão acirrada como está sendo dessa vez”, afirma o
procurador. “Nas duas eleições anteriores, eles (os candidatos) tinham
um único programa, trabalhavam um programa só, de modo que o promotor
fosse levado a votar numa lista fechada e não a escolher seus próprios
candidatos. Dessa vez, cada candidato tem o seu programa, são quatro
candidatos distintos”, acrescenta.
Manuel Pinheiro, por outro lado, descarta acirramentos. “O clima da
eleição está muito respeitoso, os candidatos estão fazendo campanha
programática em cima de ideias, não tem acirramento, são colegas que se
conhecem e se respeitam”, afirma.
O presidente da Associação Cearense do Ministério Público (ACMP),
Aureliano Rebouças, prefere não tratar das disputas na sucessão ainda
que a última eleição do comando da ACMP, entidade privada que congrega a
representação dos promotores e procuradores, seja apontada como uma das
influências no embate interno pela sucessão. A entidade estava sob o
mesmo comando político desde a década passada, cenário que mudou em
eleição acirrada no ano passado, resolvida por 30 votos de diferença em
um grupo de mais de 500 associados.