Parlamentares e lideranças do PT e PDT
esforçam-se para preservar a aliança entre os partidos no Ceará em meio
aos ataques constantes de Ciro Gomes à cúpula petista e ao ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), solto após 580 dias preso na sede da
Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba. Nos dois lados, há uma
intenção comum de se trabalhar para que a tensão não afete as relações
no Estado e a base política sólida e ampla que sustenta o governo Camilo
Santana (PT).
O clima esquentou muito desde a soltura de Lula, e
apesar dele ter optado, em seus discursos, por evitar responder
diretamente a Ciro. A cúpula do PT, especialmente a presidente nacional
Gleisi Hoffman, é quem costuma devolver as críticas do pedetista ao
partido e a Lula, mas também ela, nos últimos dias, optou pelo silêncio.
Presidente do PDT no Ceará, o deputado federal André
Figueiredo, afirma "não concordar com um partido que se acha um dono na
oposição". O parlamentar critica o pronunciamento do ex-presidente feito
nesta quinta-feira, 14, durante a Executiva Nacional do PT, em
Salvador, no qual Lula reforçou que "PT não nasceu para ser partido de
apoio". "É um dos motivos da amargura de Ciro. Ele tem um posicionamento
claro sobre o mal que o Lula fez ao tentar uma candidatura que, embora
legitima, seria derrotada pelo Bolsonaro", revela.
No entanto, o deputado se diz convicto de que as
declarações, infelizes que sejam, não interferem nas relações com o PT
no Ceará. "Nós temos um ótimo relacionamento a nível institucional com o
PT, embora o Ciro tenha essa opinião ao projeto de Lula, que se acha um
salvador" afirma. Sobre as eleições de 2020, André lembrou que esteve
reunido recentemente com Antônio Alves, o Conin, atual presidente
estadual do PT. "Nós estaremos presente até onde for possível para
fortalecer as alianças, até porque temos um adversário comum, que é esse
projeto de tirar direitos dos trabalhadores", completa.
Participando de evento do PT no Cariri, ontem, o
deputado federal, José Guimarães (PT) disse preferir desconsiderar as
críticas e ataques. "Prefiro nem ouvir direito algumas críticas
infundadas que alguns fazem ao PT, especialmente o ex-governador Ciro
Gomes", afirmou. Quanto à relação entre PT E PDT no Ceará, o parlamentar
demonstra-se tranquilo. " Nós estamos trabalhando conjuntamente com o
Congresso. Eu me relaciono muito bem com o André Figueiredo e estamos
atuando muito bem lá na Câmara para que se mantenham as boas relações",
reforçou.
É fato, porém, que, especialmente dentro do PT, há um
incômodo com a situação. O vereador Ronivaldo Maia, próximo à deputada
Luizianne Lins - notória desafeta dos irmãos Ferreira Gomes -, registra
que a aliança com o PDT está em discussão. "É uma relação pontual. A
proximidade que o Camilo tem não é a mesma que eu, e boa parte PT,
gostaria", afirma. Sobre a postura de Ciro, Ronivaldo afirma que o
presidenciável "não tem ideologia" e age com "inveja".
"Quase sempre a postura do Ciro tem um sentido, ele
quer ser presidenciável batendo no PT. É muito legitimo que os partidos
com é caso do PT assumam uma posição. Se ele não gosta da ideologia ele
não é obrigado a concordar, ele que vá construir a dele", afirma o
vereador.
Ronivaldo reforça a fala de Lula e considera que o
partido "não tem vocação para ser apoiador". "Pagamos o preço para
construir nossa história. Hoje, só vale a pena apoiar outra sigla que
representasse melhor a construção do Brasil que nós. Não é o PDT, não é o
Psol. Não é autoritarismo, pois temos mais legitimidade do que eles",
reforça.
Lula
Até agora, a opção de lula tem sido de não
responder a Ciro. Na vez em que se referiu a ele, nos três discursos
públicos que fez desde quando foi solto, foi, exatamente, para dizer que
gostava dele e que não o responderia.
Ciro
Ciro Gomes aumentou o tom das críticas ao
ex-presidente Lula, a quem passou a chamar em declarações mais recentes,
dentre outras coisas, de "encantador de serpentes", "enganador
profissional" e "condenado".
O povo