Na sessão ordinária da Câmara Mirim,
realizada nessa quarta-feira (6), no Plenário 5 de Julho, em Sobral, a
vereadora mirim Nayara Thalita Alves, foi chamada a atenção, em público,
sem ter seu nome revelado, pelo coordenador do programa, Edmar
Rodrigues.
O motivo da repreensão pública e da
pressão psicológica sobre a adolescente foi sua iniciativa em convidar a
ministra Damares Alves, titular da pasta da Mulher, Família e Direitos
Humanos, para que viesse a Sobral acompanhar de perto os casos de abuso
contra crianças e adolescentes.
Edmar Rodrigues, coordenador do
projeto Câmara Mirim, tenta restringir o exercício da cidadania da
vereadora mirim e a constrange com assédio moral
Nayara Thalita Alves conseguiu acesso à
ministra por meio de uma video-chamada, no último dia 28 de outubro. Ela
fez um print do vídeo que viralizou nas redes sociais, com a promessa
da ministra de ver um espaço em sua agenda para a possível visita
solicitada pela jovem.
Segundo o pai da vereadora mirim,
Robério Lima, que a acompanha nas sessões, “o coordenador não deveria
ter falado do assunto em público, em plena sessão, já que ela havia sido
chamada atenção, e tudo tinha sido esclarecido, na minha presença. Não
vejo como erro a atitude da minha filha, já que ela é jovem e estava
exercitando seu direito de cidadania. Ela apenas solicitou a presença da
ministra, se mostrando preocupada com as informações que têm sido
divulgadas pela mídia sobre as denúncias de abuso. Não tiro o direito
dela de se expressar, e se mostrar atuante”, revelou.
Vereadora mirim Thalita Alves viralizou em convite para Damares Alves vir a Sobral (Foto: acervo pessoal)
Ainda segundo o coordenador, “nem ela,
nem outro vereador pode se envolver em matéria estranha à Câmara Mirim,
ou que não tenham orientação da coordenação, ou da própria assessoria
jurídica da Câmara principal, que está à disposição para tirar qualquer
dúvida dela ou de outro vereador mirim. Segundo o pai dela, que se
intitula assessor da vereadora, por iniciativa pessoal dos dois, houve o
convite à ministra, mas que não há referências dela como vereadora
mirim, no que eu discordo”, revelou.
Sobre os assuntos tratados no vídeo pela
adolescente, o coordenador foi enfático. “Eu orientei a ela e ao pai,
que tomassem cuidado, porque ela é menor de idade, e não pode estar
fazendo acusações sem provas. Não citei o nome dela, na sessão, para
poupá-la, mas ela tem apresentado um comportamento estranho, e já havia
sido chamada atenção”.
NOTA DO EDITOR
A garota Thalita Alves apenas exerceu
sua cidadania, direito que lhe é assegurado pela Constituição, que não
pode ser restringido nem pela Câmara e muito menos por um mero detentor
de cargo comissionado. A atitude da vereadora mirim deve ser estimulada e
não repreendida.
São deploráveis as palavras de Edmar Rodrigues, principalmente estas: “Existem 21 vereadores, e somente ela tem dado problemas”.
Pressão psicológica, constrangimento
público e abuso de poder. Tudo isso por parte de um servidor, de cargo
comissionado, tendo como alvo uma adolescente que teve a audácia cidadã
de convidar a ministra Damares para discutir os casos de abuso sexual
contra crianças em Sobral.
Se o projeto da Câmara de Vereadores
Mirins não tem por objetivo incentivar o exercício da cidadania – e esta
sessão mostrou exatamente o contrário -, não tem sentido a sua
existência.
Fonte: SobralPost / Marcelino Júnior