O preço de venda do gás liquefeito de
petróleo (GLP) teve reajuste de 5%, ontem, nas refinarias da Petrobras.
Isso significa que o produto deve chegar ainda mais caro na cozinha dos
brasileiros em 2020. Uma realidade que já não surpreende mais o
consumidor. Ao longo de 2019, o botijão e o combustível pressionaram a
renda, sobretudo, das famílias mais pobres.
No Ceará, o gás de cozinha é o mais caro do Nordeste,
fechando dezembro a R$ 75,14 (13kg). O valor é 3,64% superior ao do
início do ano, quando era vendido a R$ 72,5. Já o litro da gasolina
chegou às bombas em janeiro por R$ 4,24, mas até a última semana de
dezembro esteve em R$ 4,68, um aumento de 9,71% no Estado. Durante todo o
ano, diversas oscilações foram observadas. Em maio último, por exemplo,
o produto chegou a custar R$ 5.
 Com um salário mínimo de R$ 998, muita gente teve de
driblar as altas com cortes no orçamento, substituir o carro particular
pelo transporte público durante a semana e ter mais cautela na hora de
cozinhar. No entanto, quem vive em situação de pobreza sofre e tem que
recorrer ao fogão a lenha ou carvão para cozinhar.
"O aumento do preço desses produtos tem efeito grande
para as famílias de baixa renda, altamente regressivo. Isso acaba sendo
maior para essa população do que para quem possui renda mais elevada",
avalia o economista Alex Araújo. O reajuste do GLP será válido para
todos, incluindo o industrial e comercial.
Luciano Queiroz, presidente do Sindicato dos
Revendedores de Gás do Estado do Ceará (Sincegás), explica que ainda não
é possível estimar quando e quanto será acrescido ao consumidor.
"Estamos aguardando o repasse do distribuidor, que só será a partir do
próximo dia 2", explicou, destacando que, se houver também aumento nos
impostos, isso pressionará ainda mais o preço.
Para economistas, a expectativa é que ocorra uma
estabilidade nos valores desses produtos em 2020. Isso porque houve
queda da inflação e, consequentemente, das taxas de juros, que atingiram
o menor patamar desde o início de série história em 1986, com a Selic
em 4,5% ao ano. O que gera um cenário de otimismo. Mas o preço tanto da
gasolina como do GLP depende de outros fatores, como cambiais, impostos e
distribuição.
Outro ponto é que os aumentos também refletem em outros
setores, como o nas passagens do transporte coletivo e no custo da
indústria que vai chegar ao consumidor final. O assessor econômico do
Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do
Ceará (Sindipostos), Antônio José Costa, diz que a gasolina "teve altos e
baixos neste ano, mas termina em uma média razoável". "Ano que vem, a
tendência é de um mercado mais estável em razão das mudanças
macroeconômicas".
Em em julho de 2017, a Petrobras implementou uma
política dando mais elasticidade à aplicação do reajuste. A margem podia
ser modificada diariamente de acordo com o câmbio e mercado externo.
Somente em setembro de 2018 a estatal adotou o mecanismo hedge - que
permite o congelamento do valor por 15 dias. O economista Alcântara
Macedo acredita que a política é positiva, mas pondera que há outros
fatores puxando a alta.