No caso, o prefeito do Rio de Janeiro vetou jornalistas da Globo de acompanharem o evento em que foi anunciado o socorro federal de 152 milhões de reais à saúde da cidade. Todo tema de caráter público precisa ser reportado aos verdadeiros chefes dos políticos, a população. A saúde, uma das questões mais essenciais do bem-estar social, não foge à regra.
“O prefeito Marcelo Crivella impediu a participação de jornalistas do Grupo Globo em uma entrevista sobre o colapso no sistema de saúde do município. É um tema que tem um impacto grande na vida dos cidadãos e, obviamente, merece cobertura jornalística ampla, como nós temos feito. Apesar desta atitude autoritária e antidemocrática do prefeito, o jornalismo da Globo está publicando tudo que de mais importante foi anunciado ali. Porque o nosso compromisso é de manter o público bem informado”, disse o âncora do telejornal durante o Jornal Nacional.
Eleito com a promessa de “cuidar das pessoas”, o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), anda precisando muito dar um trato na própria imagem. À frente de uma gestão altamente impopular, Crivella agora está envolvido em investigação do Ministério Público fluminense sobre a existência de um “Q.G. da propina” dentro da prefeitura. A revelação de mais um rolo na sua avantajada lista, em que constam dois pedidos de impeachment, ruas abandonadas, caos nos hospitais e obras paralisadas, cola no bispo licenciado da Igreja Universal o pecado da corrupção que ele sempre disse abominar e acontece justamente quando Crivella prepara o terreno para tentar a reeleição no ano que vem.
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A apuração do MP gira em torno de um suposto esquema de suborno para
beneficiar empresas interessadas na liberação de pagamentos atrasados. A
troca de favores apareceu na delação premiada do doleiro Sérgio
Mizrahy, preso pela Lava-Jato do Rio em 2018. Segundo ele, o operador do
“negócio” na administração carioca seria o empresário Rafael Alves,
homem de confiança de Crivella desde a campanha eleitoral de 2016,
quando atuou como captador de doações. O irmão dele, Marcelo Alves, foi
nomeado pelo prefeito para a presidência da Riotur. Os procuradores
confirmam que Crivella é um dos alvos da investigação, ao que tudo
indica por causa de sua proximidade com o operador.Ao saber que a denúncia seria publicada pelo jornal O Globo, Crivella se antecipou e divulgou nas redes sociais da prefeitura um vídeo em que acusa o jornal de ser um “panfleto político”. Depois da publicação, postou novo vídeo com ofensas aos autores da reportagem. O destempero verbal do ex-bispo, conhecido pelo tom pausado e didático, faz parte de uma das táticas que ele pretende usar para se reeleger: segundo aliados e adversários do prefeito ouvidos por VEJA, a imprensa sempre será seu alvo preferencial quando aparecerem denúncias desabonadoras. Outras estratégias compõem seu arsenal. Uma delas é buscar escancaradamente ligar seu nome ao de Jair Bolsonaro, aproveitando a brecha aberta pelas desavenças do presidente com o governador do Rio, Wilson Witzel — na trilha desse objetivo, Crivella marca presença em toda e qualquer passagem de Bolsonaro pela cidade e anda insistindo para que ele indique o vice de sua chapa em 2020.
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