“Cabe a polícia fazer seu trabalho, a Justiça faer seu trabalho e o presidente fazer sua avaliação”, respondeu Moro ao ser lembrado de que, em dezembro de 2018, o então presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse que afastaria qualquer ministro de seu governo que fosse denunciado, se houvesse “robustez na denúncia”.
“No Ministério da Justiça e Segurança Pública temos continuado a fazer o trabalho de fortalecer a PF. E a PF tem feito trabalhos extremamente relevantes, mesmo em caso que envolvem possíveis malfeitos aí [de membros do governo] a PF tem feito seu trabalho”, acrescentou.
Quando questionado sobre o episódio de que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, se desculpou sobre a suspeita de caixa dois, Moro voltou a minimizar as suspeitas sobre seu colega de governo e disse que acha “meritório que ele [Onyx] tenha reconhecido que errou e que ele esteja disposto a pagar por esses erros”.
O ministro também foi perguntado sobre o motivo de não ter tecido comentários sobre o episódio envolvendo o ex-secretário da Cultura Roberto Alvim e afirmou que o ministro da Justiça não deve ser um “comentarista político”.
“Não cabe ao ministro da Justiça e Segurança Pública ser um comentarista sobre tudo, ser um comentarista político ou atuar como se tivesse responsabilidade de falar sobre tudo”, ponderou.
“Nesse caso do secretário de Cultura, a meu ver, foi um episódio bizarro. Tendo ciência desse episódio eu dei minha opinião, mas dei minha opinião ao presidente e coube a ele tomar a decisão. Ele tomou a decisão correta. Era um episódio bizarro e a situação [do secretário] era insustentável”, acrescentou Moro.
O ex-juiz comentou ainda o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter dito que indicaria um ministro “terrivelmente evangélico” para a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) em razão da aposentadoria do ministro Celso de Mello e se ele se enquadraria para ocupar o cargo.
“Acho inapropriado discutir vaga sem que exista de fato a vaga. Isso é algo que era comum no passado”, salientou. “Acho que o presidente vai decidir isso aí no momento em que surgir a vaga. É uma expressão que ele utilizou [terrivelmente evangélico]. Eu, na verdade, não sou evangélico, muita gente acha que sou evangélico, mas sou católico. Esse é um dos fatores que podem ser levados em consideração”, completou.
“Acho que o principal [fator] é a credibilidade, reputação, honestidade, conhecimento jurídico. Pode a questão da religião ser levada em consideração? Pode, mas não é um fator fundamental. Essa é uma decisão que certamente o presidente vai tomar somente quando surgir essa vaga, antes o que existe é só uma especulação”, finalizou.
veja