A festa de Carnaval de Paraipaba, a 95 km
da Capital, foi cancelada em razão da crise na segurança pública do
Ceará. Segundo a Prefeitura, a programação resultaria numa injeção de R$
500 mil na economia local, além de 300 empregos diretos que seriam
gerados. Ele não foi o único. Outros sete municípios cearenses
cancelaram devido à percepção de insegurança após a paralisação de
policiais militares: Paracuru, Forquilha, Milagres, Santana do Cariri,
General Sampaio, Horizonte e Canindé. No entanto, oito garantiram que a
comemoração continua mesmo sem a presença de policiamento, seja por meio
de paredões ou da contratação de seguranças particulares.
Aracati, Cascavel, Sobral, Beberibe, Crato,
Guaramiranga, Tauá e Viçosa do Ceará são os que estão confirmados. O
evento tem um peso econômico importante porque aquece setores, sobretudo
de serviços, e, consequentemente, aumenta a receita dos Estados. No
entanto, algumas destas cidades ainda não calcularam o impacto desse
cenário no curto prazo ou não preveem efeitos negativos. Em Paraipaba, o
executivo municipal afirma que o investimento seria de R$ 300 mil,
incluindo as atrações fechadas para a Praia de Lagoinha, que fica a 11
km de lá. O público seria de 20 mil pessoas por dia.
"Estima-se que vários setores sofrerão uma quebra de
50% de seus lucros, como hotéis, pousadas, restaurantes, passeios
turísticos e transporte. Um enorme prejuízo para a cidade que tem um dos
pontos turísticos mais visitados do Litoral Oeste: a Praia de
Lagoinha", afirmou em nota.
Paracuru, no litoral cearense, atrai muitos visitantes
no ciclo carnavalesco. A verba para a festa seria de R$ 400 mil.
Procurado, o prefeito Eliabe Albuquerque (PSDB) disse que o recurso será
remanejado para a saúde e que não haverá mudanças na economia local já
que a expectativa é que o número de visitantes não tenha alteração. Os
dados não foram divulgados.
Já em Aracati, 180 profissionais foram contratados para
fazer a segurança, totalizando investimento de R$ 299 mil. Segundo o
chefe da Casa Civil do município, Guilherme Bismarck, "o clima é de
tranquilidade". "Já temos um efetivo da Guarda Municipal atuando, mas
decidimos contratar a maior empresa de segurança do Ceará, que fez o
Réveillon de Fortaleza, para que fique ainda mais seguro", afirmou. O
investimento para a folia foi de cerca de R$ 5 milhões. A previsão é que
sejam injetados na economia 15% a mais do que o ano anterior, quando
movimentou R$ 226 milhões.
Em Sobral, o secretário do Trabalho e Desenvolvimento
Econômico, Inácio Ribeiro, diz que a festa continua e a expectativa é
que sejam incrementados R$ 10 milhões. "Temos um efetivo da Guarda
Municipal, a Polícia Civil e a maioria dos policiais não aderiu. A
segurança está garantida e estimamos taxa de ocupação de 80%. A
Prefeitura garantiu o pagamento de horas extras aos guardas municipais e
a contratação de 100 seguranças privados que vão atuar nos eventos que
serão realizados nos distritos.
Para André Carvalho, consultor econômico-financeiro da
Associação dos Municípios do Estado do Ceará (Aprece), o maior impacto
do cancelamento é no comércio. "Afeta mais a microeconomia, os
comerciantes de serviços, que deixam de faturar nesse curto prazo.
Indiretamente, sabemos que temos cidades em que 20% do Produto Interno
Bruto (PIB) estão atrelados à receita da administração pública", diz.
"Ou seja, quando se tem uma geração de empregos, mesmo que temporários,
há um alívio na carga que é gerada na administração pública".
O economista Alcântara Macedo, acredita que haverá
impacto negativo. "O dinheiro gasto nas festas se transforma em receita
por meio das pessoas que pagam o imposto. Sem isso, gera uma
diminuição", avalia.
Sem festa
Canindé
Forquilha
Milagres
Paracuru
Paraipaba
Santana do Cariri
General Sampaio
Horizonte
Confirmam
Aracati
Beberibe
Cascavel
Crato
Guaramiranga
Sobral
Tauá
Viçosa do Ceará
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