O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), criticou a decisão do presidente Jair Bolsonaro, de excluir os governadores da região amazônica do Conselho Nacional da Amazônia Legal, anunciada pelo governo para tratar de temas ligados à região.
O conselho anunciado nesta semana por Bolsonaro será liderado pelo
vice-presidente Hamilton Mourão, que disse ter ver uma oportunidade para
instituir "uma verdadeira política de Estado para a região".
Não é o que pensa o governador do Pará, que disse ter sabido da
decisão do governo sobre o conselho por meio da imprensa. "Não consigo
compreender qual a dificuldade do governo federal em contar com a
participação dos Estados. Na hora que o governo se fecha, tudo fica mais
difícil", disse.
Bolsonaro deixou clara a sua avaliação sobre o assunto nesta
quinta-feira, 13, ao reagir a uma crítica da organização Greenpeace, que
chamou de "lixo". "Se você quiser que eu bote governadores, secretários
de grandes cidades, vai ter 200 caras. Sabe o que vai resolver? Nada.
Nada", disse Bolsonaro.
Para Helder Barbalho, a decisão de retirar o conselho das mãos do
ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, foi acertada, porque coloca o
tema sobre um patamar maior, ao ser comandado por Mourão. A restrição
dos Estados, porém, diz ele, "é um equívoco". "Não tem sentido algum,
porque o governo federal perde força. É uma escolha dele e tem de
respeitar, mas não precisamos concordar com isso", comentou.
O líder do consórcio de governadores da Amazônia Legal, Waldez Goés (PDT), governador do Amapá, disse que a exclusão é um "retrocesso" e que a visão do governo caminha para ser "mais Brasília e menos Amazônia".
Mourão chegou a dizer que se tratava de uma posição pessoal de
Waldez. Mas Barbalho não concorda. "A manifestação do Waldez não é
isolada. Esse é o sentimento do grupo. Toda e qualquer ação nessa região
precisa de diálogo local."
Helder Barbalho disse ainda que os recursos do Fundo Amazônia,
principal programa de apoio a ações de combate ao desmatamento na
região, permanecem paralisados até hoje, por causa das acusações feitas por Ricardo Salles contra a gestão do fundo, no ano passado.