A afinidade do estudante pela área é
tanta, que a aprendizagem dos conteúdos na escola era encarada como
diversão, segundo conta. “No Ensino Médio eu virava noites desenhando e
não sentia cansaço, porque estava fazendo algo de que gostava. Me
identifiquei muito com a parte de projeto arquitetônico, de
representação gráfica”, lembra.
Durante a educação básica, Mateus também
acompanhava com satisfação especial as disciplinas de história,
redação, matemática e geografia. Todas por alguma razão específica.
“Quando participei da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das
Escolas Públicas), fiquei atraído pelos cálculos. Ao estudar história,
estava conhecendo a mim mesmo e ao meu passado. A partir da geografia,
conheci a geopolítica e construí o meu caráter político, que defende o
estado de bem-estar social e a democracia. Pela redação, transformo o
meu pensamento em texto e posso expor todas as minhas referências e
argumentações”, salienta.
Direcionamento
Sintetizando o gosto por todas essas
áreas do conhecimento, Mateus já tinha noção clara da área que desejava
seguir na profissão antes mesmo de entrar na faculdade: patrimônio
histórico edificado. Ainda na escola, ele havia desenvolvido o projeto
“Harqui”, sigla que significa Arquitetura Histórica de Quixeramobim,
junto com duas colegas e a coordenadora do curso de Edificações. A
iniciativa, de acordo com o estudante, tinha o objetivo de democratizar o
acesso ao conhecimento histórico do município, por meio de seminários,
exposições e palestras realizadas na própria escola e em outras unidades
de ensino, contando também com a participação de profissionais da
arquitetura.
“Pretendo fazer projetos e continuar
pesquisando em relação à arquitetura histórica na minha cidade, para
trazer algum benefício a ela”, observa.
Apesar de não ter tido referências
próximas de pessoas que deram sequência aos estudos após a conclusão do
Ensino Médio – Mateus foi um dos poucos da família a terminar esta etapa
na faixa etária correta e o primeiro a ingressar na universidade –
disposição para perseguir os ideais nunca faltou ao estudante.
Assim, além de se preparar para o Enem e
de participar das atividades em tempo integral na escola, ele
desenvolveu conhecimentos nas línguas inglesa e espanhola, de forma
quase autodidata. “Comecei a cogitar a possibilidade de fazer
intercâmbio ou mestrado em algum país europeu. E o conhecimento de outro
idioma seria uma porta de entrada. Sempre fui muito de planejar os meus
próximos passos, vendo minha vida daqui a cinco ou dez anos”, explica.
Adaptação
Para poder frequentar o curso de
Arquitetura e Urbanismo, Mateus precisou vir morar na Capital cearense. A
fim de custear as despesas na nova cidade, passou a trabalhar como
recepcionista em um hostel, durante três dias na semana, com jornada de
oito horas diárias. “Foi difícil no começo, pois não conhecia nada de
Fortaleza”, considera. “Mas, o desejo de sair da zona de conforto foi
maior do que os desafios que tive de enfrentar. Podia ter escolhido
caminhos mais fáceis e me desculpar, para evitar uma frustração, mas
usei as ferramentas que tinha e consegui chegar ao meu objetivo”, frisa.
A boa relação com os professores na
escola e o interesse em aprender sempre mais são fatores apontados por
Mateus para que tenha conseguido se sobressair. “Se eu não tivesse tido a
oportunidade que tive, talvez não tivesse chegado onde estou. Sempre
gostei do ambiente de aprendizagem. A escola me proporcionou acesso ao
conhecimento de uma forma dinâmica e tentei extrair o máximo que pude
dos recursos que me foram dados”, conclui.
SERTÃO ALERTA