A declaração do ministro da Economia, Paulo
Guedes, de que os servidores públicos são como "parasitas" do
Orçamento, repercutiu mal entre parlamentares e atraiu críticas públicas
até de políticos que apoiam o governo.
"O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação,
tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O
hospedeiro está morrendo. O cara (funcionário público) virou um parasita
e o dinheiro não está chegando no povo", disse o ministro na manhã de
ontem, em palestra no Rio de Janeiro, sob aplausos da plateia.
O deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP) foi ao
Twitter dizer que ele e seu partido são "favoráveis à reforma
administrativa, mas o ministro Paulo Guedes não pode chamar todos os
servidores públicos de 'parasitas'". "Não é por aí", advertiu o
parlamentar. "Há bons e maus em todo lugar, até mesmo na equipe do
Guedes. Ou ele acha que está tudo indo muito bem, obrigado?", tuitou o
político.
A oposição subiu o tom nas críticas a Guedes. Talíria
Petrone (Psol-RJ) perguntou a seus seguidores se seria adequado chamar o
ministro de "verme". Correligionário de Talíria, Ivan Valente (SP)
disse que Guedes "sempre foi banqueiro, símbolo maior dos que vivem da
agiotagem legalizada que suga metade do Orçamento da União", em
referência ao custo da dívida interna.
O presidente da Associação dos Funcionários do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Arthur Koblitz,
disse ter achado curioso, no entanto, que o ministro tenha essa opinião,
já que normalmente quem tem fama de parasita é quem veio do mercado
financeiro. "O ministro fez toda a sua vida no mercado financeiro,
curioso ele falar isso, porque quem tem essa fama de parasita é o
mercado financeiro", disse Koblitz.
Após a declaração de Guedes, o próprio Ministério da
Economia emitiu nota afirmando que o titular da pasta "reconhece a
qualidade do servidor público". O comunicado alega ainda que a imprensa
"retirou de contexto" a declaração.
O presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras
Típicas de Estado (Fonacate), Rudinei Marques, disse que o sindicato
estuda recorrer à Justiça contra o "assédio institucional".
No Twitter, o ministro do Tribunal de Contas da União
(TCU) Bruno Dantas compartilhou incrédulo a notícia sobre a comparação
do ministro Paulo Guedes. "Não pode ser verdade...", escreveu.
(Agência
Estado)