Parque Nacional da Tijuca recebe quase 3 milhões de turistas em 2019

Blog do  Amaury Alencar
Rio de Janeiro - Cristo Redentor visto do Parque Nacional da Tijuca, durante mutirão de plantio de mudas de espécies nativas na nascente do Rio Carioca (Fernando Frazão/Agência Brasil)  
 
Fernando Frazão/Agência Brasil
Agência Brasil
 
O Parque Nacional da Tijuca recebeu, no ano passado, 2.959.444 turistas, confirmando a liderança que exerce há cerca de 10 anos como a unidade de conservação mais visitada do país. Foram 202.236 visitantes a mais em comparação com 2018, ano em que 2.757.208 pessoas foram ao parque.
Cristo Redentor RJ
Tomaz Silva/Agência Brasil
Monumento ao Cristo Redentor, ponto mais visitado por turistas no ano passado - Arquivo/Agência Brasil
O Morro do Corcovado, localizado no Setor Serra da Carioca do parque, onde está a estátua do Cristo Redentor, foi o ponto mais visitado em 2019, com 1.940.327 turistas. Em segundo lugar, ficou a Vista Chinesa, também dentro do Setor Serra da Carioca, com 389.977 visitantes, e em terceiro, o Setor Floresta, que recebeu 355.082 pessoas, 85.432 a mais que no ano anterior (269.650). Nessa área, fica o Mirante da Cascatinha, inaugurado em março de 2014, que permite ver a queda d’água de 35 metros da Cascatinha Taunay.
Excluindo o Corcovado, os lugares mais visitados no Parque da Tijuca no ano passado foram a Vista Chinesa, o Setor Floresta e a Pedra Bonita, onde fica a rampa de voo livre de asas-delta, tipo de aeronave composta por tubos de alumínio e uma vela feita de tecidos. Esse tipo de material sofre forças aerodinâmicas que proporcionam a sustentação da asa-delta no ar.

Fator cambial

Segundo o analista ambienal Denis Rivas, do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), um dos fatores que contribuíam para o incremento da visitação ao parque foi o câmbio. “Com o dólar mais alto, o Brasil ficou mais atrativo para quem ganha em dólar lá fora”, disse Rivas. O ICMBio é a entidade que administra o parque.

Rivas destacou que o Rio de Janeiro é, normalmente, o primeiro destino do turista estrangeiro no país. “Por outro lado, com o dólar em alta, o brasileiro tem mais dificuldade em viajar para fora e, então, novamente o Rio de Janeiro se torna uma atração para os visitantes nacionais. Tem esse efeito colateral positivo do dólar alto”, afirmou.
O analista do ICMBio disse que o processo de aumento da visitação da unidade de conservação ganhou força a partir de 2007, com o ordenamento do turismo do Corcovado, após a retirada, pela Polícia Federal, de uma quadrilha que agia na área. Depois disso, não houve mais prejuízos para o turismo no local. “O Corcovado começou a estruturar a visitação em outro patamar dentro da unidade de conservação”. A estruturação foi fruto de um planejamento de longo prazo, acrescentou.

Projetos

Com  reforma empreendida no antigo Hotel Paineiras, que se tornou o novo Centro de Visitantes do parque, a expectativa é ampliar o número de turistas no local. Ali está montada uma exposição permanente, que atrai principalmente estudantes do Rio de Janeiro, por mostrar um pouco mais sobre a Mata Atlântica e as espécies existentes na área, além de “entender um pouco mais do que representam os parques nacionais abertos para visitação”. A exposição é gratuita e aberta ao público.
Outra aposta do Parque Nacional da Tijuca para ampliar a visitação é o projeto Dinomundi, criado pela concessionária do trem do Corcovado. Inaugurado no último dia 2, o projeto ocupa um andar inteiro do Centro de Visitantes, onde os turistas podem fazer visita virtual ao período em que os dinossauros ainda habitavam a Terra.
“É uma novidade. Ainda não sabemos quantos visitantes virão por conta desse atrativo”, disse Dino Rivas. Para ele, a nova atração deve interessar sobretudo aos jovens e crianças. “A expectativa é que esse público aumente  no início da baixa temporada, que começa no fim do verão, com essa nova atração, que é bem interessante”. O projeto fala também de espécies que já foram extintas no parque e daquelas que estão sendo reintroduzidas.
Denis Rivas informou que existe um projeto para construção de um estacionamento para turistas, ao lado do Centro de Visitantes. Esse edifício-garagem permitirá que os visitantes estacionem seus veículos no local, tirando-os da via e eliminando o perigo que isso representa. “A obra é muito importante porque um dos planos do parque é tirar os veículos da pista e permitir que os ônibus urbanos cheguem até o local”.
Para Rivas, o estacionamento poderá ser construído em seis meses. A obra, entretanto, precisa de autorização da prefeitura. Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a demanda foi encaminhada para as áreas responsáveis.

Conhecimento

Oito cutias são soltas no Parque Nacional da Tijuca. A espécie foi escolhida por ser nativa e uma importante dispersora de sementes. O animal chega a enterrar os grãos para consumir depois, favorecendo a restauração florestal.
A cutia foi a primeira espécie animal reintroduzida no Parque Nacional da Tijuca - Arquivo/Agência Brasil
De acordo com Rivas, o Parque Nacional da Tijuca é um convite aos brasileiros para que conheçam mais suas riquezas naturais. A exposição permanente no Centro de Visitantes é também um instrumento de educação ambiental. “A gente espera que o carioca conheça e traga os amigos, além do público que visita o Corcovado e, muitas vezes, visita a exposição.”
A unidade de conservação desenvolve também o projeto Refauna, para reintrodução de espécies animais na floresta.
A primeira espécie reintroduzida foi a cutia, considerada importante dispersora de sementes. Depois vieram os bugios e os jabutis-tinga. Os próximos animais reintroduzidos serão a arara-canindé, a iguana e o trinca-ferro. “Tem animais que estão em quarentena fora do parque aguardando aclimatação para serem reintroduzidos”, explicou Rivas. A seleção de espécies da fauna original das florestas do Parque Nacional da Tijuca resultou de pesquisas em parceria com universidades.
Entre as espécies já extintas da região figuram os mamíferos onça-pintada e jaguatirica, o peixe lambari e as aves macuco Tinamus solitarius, apuim-de-cauda-amarela, chibante e pavão-do-mato.

Curiosidade

O Parque Nacional da Tijuca foi planejado pelo Imperador Pedro II com a intenção de abastecer áreas do Rio de Janeiro que sofriam com a falta d'água. Segundo Rivas, os técnicos que fizeram o estudo deram duas opções ao imperador: puxar água do Rio Guandu para a cidade ou reflorestar as encostas e indenizar as fazendas da região que foram incorporadas ao parque. Como o parque foi produto de um planejamento de longo prazo, dom Pedro II optou pela segunda opção.
A Secretaria Municipal de Meio Ambiente do Rio de Janeiro informou que o Parque Nacional da Tijuca é uma unidade de conservação federal. Por isso, afirmou que "a competência para o licenciamento é de responsabilidade da União".