Após
reunião no 18º Batalhão da Polícia Militar em Fortaleza, na tarde desta
sexta-feira (28), os policiais militares amotinados reduziram a
quantidade de reivindicações feitas para por fim aos motins no Ceará.
Se
antes eram 18 pontos, agora são três: anistia, reajuste entre patentes e
regulamentação da carga horária. A informação foi confirmada pelo
advogado e coronel reformado do Exército, Walmir Medeiros, representante
dos policiais, que realizam paralisação no Estado pelo 11º dia
consecutivo.
Além
dos pontos reivindicados, os PMs definiram os nomes que irão compor a
mesa de negociação. Além de Medeiros, os outros líderes são: sargento
Reginauro, ex-presidente da Associação dos Profissionais de Segurança
(APS); Soldado Noélio, deputado estadual do Ceará; Cabo Monteiro, um dos
policiais amotinados, e o deputado estadual Soldado Prisco, da Bahia.
Os nomes podem mudar.
Até
o momento, não há data ou local para os pontos serem discutidos pela
comissão dos três poderes que atua como mediadora de diálogo entre o
Governo do Estado e a categoria.
Anistia
Comissão aguarda policiais definirem novo interlocutor para retornar à mesa de negociação — Foto: MPCE/Divulgação
O
governador do Ceará, Camilo Santana, apresentou nesta sexta-feira (28)
uma Proposta de Emenda à Constituição Estadual (PEC) que proíbe a
anistia de policiais amotinados no estado. O presidente da Assembleia,
deputado José Sarto, convocou para a noite desta sexta-feira (28) uma
reunião extraordinária da Mesa Diretora do Legislativo para debater o
assunto.
No
documento enviado à Casa, o governador defende que “essa medida se faz
imperiosa diante da gravidade e dos prejuízos que tais movimentos,
ilegítimos por natureza, acarretam para toda a sociedade cearense, em
evidente desrespeito à ordem jurídica e constitucional”. Ele ainda
solicita que a tramitação seja em regime de urgência.
No sábado (29), haverá uma sessão extraordinária para dar continuidade ao debate sobre a proposta.
O
projeto foi apresentado no 11º do motim de parte dos policiais
militares do Ceará. Os policiais esvaziaram os pneus de vários veículos
da PM, impedido a atuação dos agentes que fazem a segurança nas ruas,
conforme a Secretaria da Segurança.
A
comissão formada por representantes dos poderes legislativo, executivo e
judiciário havia dito na manhã desta sexta que está descartada a
possibilidade de anistiar os policiais envolvidos na paralisação da
categoria.
Em
11 dias de motim dos policiais, o estado registrou 195 homicídios. O
número representa um aumento de 57% em relação aos casos registrados
durante a última paralisação de PMs no Ceará, em 2012. O movimento
daquele ano durou sete dias (de 29 de dezembro de 2011 e 4 de janeiro de
2012).
Os
assassinatos são refentes ao período de 19 a 25 de fevereiro, já que a
Secretaria da Segurança Pública do Ceará deixou de divulgar o número
oficial de homicídios.
Reestruturação salarial
Batalhões seguem fechados durante paralisação da PM no Ceará. — Foto: Wandemberg Belém/SVM
Anteriormente, os policiais apresentaram uma pauta de reivindicação com 18 demandas para encerrar a greve.
O
governo do Ceará apresentou na Assembleia Legislativa o projeto de
reajuste salarial dos policiais. Ele aumento o salário-base de R$ 3,2
mil para R$ 4,5 mil, em três parcelas, até 2022. Conforme Pinheiro, os
policiais exigem que o projeto seja votado na Assembleia Legislativa “o
mais rápido possível”.
O
deputado Evandro Leitão, membro da comissão que representa o poder
legislativa, afirmou que a pauta seria votada “o mais rápido possível” a
partir do momento em que a paralisação dos policiais fosse encerrada.
‘Não haverá perseguição’
Como
contraproposta ao pedido de anistia, a confirmou afirmou aos policiais
amotinados que não haveria “expulsão sumária”. “Nós oferecemos todo o
acompanhando da OAB, da Defensoria, de todos os órgãos aqui presente, o
amplo direito à defesa e ao contraditório. Em palavras mais simples: não
haverá perseguição”, afirmou o procurador.
“As
punições seriam proporcionais às infrações”, completou Manuel Pinheiro.
Desde o início do motim, 47 policiais foram presos por “deserção”, por
faltarem a uma convocação de trabalho para fazer a segurança em festas
de carnaval. Em caso de condenação, o crime militar de deserção
estabelece pena de até três meses de reclusão.