O valor destinado à Cultura no município
corresponde à 1,02% do tesouro municipal para este ano; especialista
pondera que o Carnaval tem potencial para movimentar a economia local.
A Prefeitura de Tianguá, município
localizado a 318 quilômetros de Fortaleza, não realizará festa de
Carnaval neste ano. De acordo com vídeo divulgado em redes sociais do
órgão, os recursos empregados serão destinados para a área da Saúde, que
passa por problemas estruturais. Entre as carências, reformas de
edifícios que não foram concluídas e veículos em condições precárias.
Programação de Carnaval agita outras cidades do Interior, mas sob o
monitoramento do Ministério Público.
“Nós tínhamos programado um Carnaval
para acontecer no Tianguá, mas precisamos ter muita firmeza para tomar
uma decisão. O problema da saúde é extremamente grave. Tenho certeza que
terei apoio da maioria pois precisamos avaliar o que é mais importante
para nós: resolver a saúde ou fazer um Carnaval. Se tivesse decidido
pelo Carnaval, amanhã estaria provavelmente arrependido”, disse o
prefeito Luiz Menezes.
Segundo previsão orçamentária municipal
para 2020, o valor destinado à Cultura corresponde a 1,02% do valor
total (R$ 183,4 milhões). Enquanto isso, o recurso destinado à Saúde, de
acordo com o documento, corresponde à segunda maior porção do
orçamento, com 24,2% do montante. O custo fica atrás apenas do que foi
direcionado à Educação, equivalente a 41,9%.
O economista Vitor Leitão ressalta a
importância de, ainda que não envolva recursos públicos, promover uma
festa de Carnaval para movimentar a economia do município. Ele explica
que isso é possível através de uma parceria público-privada. Nesse caso,
os empresários locais custeiam as atrações, sem prejuízo ao tesouro
municipal.
A iniciativa citada pelo especialista é
similar ao que foi feito no município de São Benedito. A festa, que terá
atrações de repercussão nacional, possui entrada franca para o setor
pista, enquanto outros setores como lounge, suíte, camarote e front
custam a partir de R$ 180 os quatro dias. As informações são do blog
“Vai Forrozão”.
Leitão lembra, no entanto, que a gestão
municipal deve garantir a alocação de recursos para ocasiões em que o
empresariado não se sinta atraído financeiramente, o que não é o caso do
Carnaval. “É preciso selecionar melhor os eventos para garantir que as
pessoas que não têm acesso possam ter”, afirmou.
O POVO tentou entrar em contato com a Prefeitura de Tianguá, mas as ligações atendidas.
Monitoramento de gastos
Outros municípios do Ceará estão tendo
os gastos com as festas acompanhados pelo Ministério Público do Ceará
(MP-CE). Membros do órgão têm recomendado que determinadas cidades
evitem despesas com o Carnaval.
Paracuru, São Benedito e Carnaubal, por
exemplo, terão os gastos analisados de forma que o MPCE tome as
“providências cabíveis caso sejam confirmadas atrações com custos
superiores” aos que as prefeituras poderiam arcar.
(O Povo)