Férias coletivas imediatas até 21 de abril e
redução salarial em 50% por 30 dias, caso o período de quarentena siga
impossibilitando a volta dos campeonatos. Estas são algumas das
principais propostas da Comissão Nacional de Clubes aos jogadores, em
meio à pandemia do coronavírus, para seguir honrando os compromissos com
os atletas e enfrentar os impactos à geração de receitas.
Representantes de clubes das Séries A e B na Comissão
estiveram reunidos, de forma online, na tarde de sexta-feira, 20. O
presidente do Ceará, Robinson de Castro, participou do encontro e
aguarda uma definição da situação para tomar qualquer providência.
Segundo o mandatário alvinegro, vai haver nova reunião entre a CNC com a
Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) até
segunda-feira, 23.
"Vão conversar com a Fenapaf e apresentar as propostas,
mas nada foi definido ainda. Depois da reunião, vão fazer uma convenção
coletiva para estabelecer o cenário para os próximos três meses. Vamos
aguardar primeiro o entendimento da Comissão com a Fenapaf. Depois, a
gente entra a nível local", disse Robinson em entrevista ao Esportes O POVO.
O presidente do Fortaleza, Marcelo Paz, não participou
da reunião com representantes dos clubes. O dirigente disse que vai se
aprofundar sobre as propostas para poder opinar.
Presidente do Sindicado do Atletas de Futebol do Estado
do Ceará (Safece), Marcos Gaúcho diz não concordar com as propostas dos
clubes para os jogadores. "A princípio, o Sindicato é contra,
mas está discutindo com os atletas. O assunto é complexo e pertinente,
devido ao que vem ocorrendo no Brasil. A pandemia tem trazido problemas
para todos, inclusive para o futebol", afirmou ao Esportes O POVO.
Desde a chegada do coronavírus no Brasil, o Safece
sempre se colocou contrário à continuidade do Estadual. Marcos Gaúcho
foi o único que não concordou com a realização dos últimos jogos da
segundo fase do Campeonato Cearense, em reunião na Federação Cearense de
Futebol (FCF), na última segunda-feira, 16. Na ocasião, os clubes
decidiram pela manutenção do torneio com portões fechados. Um dia
depois, os dirigentes das equipes voltaram atrás e a FCF decretou a
paralisação da competição por tempo indeterminado.
"A paralisação está afetando todos os segmentos. É
muito grave. O mais importante é preservar a saúde de todas as pessoas
em geral para depois pensar na cadeia produtiva e comercial. A
paralisação no futebol foi necessária, conforme defendemos desde o
princípio. Agora precisamos encontrar, com coerência e equilíbrio,
soluções para amenizar as perdas para os atletas, clubes e demais
envolvidos", comentou Márcio.
De acordo com o presidente do Safece, não há, por
enquanto, contraproposta dos atletas. "Vamos enviar nossos pontos de
vista para a Fenapaf."
A Federação já está ciente das propostas dos clubes. O
objetivo principal das equipes é amenizar os custos durante o período de
paralisação do futebol. O assunto tem sido tratado entre o presidente
da Fenapaf, Felipe Augusto, e o interlocutor da Comissão Nacional dos
Clubes, Mário Bitencourt, mandatário do Fluminense.
Propostas:
1- Proposta sobre férias - conceder imediatamente a
todos os atletas o gozo de 30 (trinta) dias de férias coletivas com
início em 23.03 e término em 21.04, antecipando qualquer período de
férias proporcionais que os atletas venham a adquirir durante o restante
de 2020, em qualquer clube que venha a jogar ainda em 2020. Todavia
apesar de antecipar para agora os 30 dias de gozo, o pagamento das
férias seria diferido, sendo 50% do valor agora, a ser pago pelo atual
empregador e os outros 50%, com o 1/3 integral, a ser pago até
31.12.2020.
Se o atleta trocar de clube antes de 31.12.2020, o novo
clube ficará responsável pelo pagamento dos 50% restante, bem como de
50% do 1/3, cabendo ao Clube atual quando da rescisão pagar sua parte
dos 50% do 1/3.
Dessa forma, haveria uma uniformização do calendário e o
gozo de férias do atleta por determinado clube afastaria o direito ao
gozo por eventual novo empregador, vez que todos os dias de férias de
2020 serão antecipados.
2- Férias de final de ano de 24/12 a 02/01/2021.
3- Após férias coletivas não sendo possível volta
campeonatos, redução da remuneração (CLT e imagem) em 50% por 30 dias,
com treinamento em casa.
4- Após 30 dias de redução da remuneração mantendo a
impossibilidade de competir suspensão do contrato de trabalho até que se
retorne as atividades, com a prorrogação dos contratos dos prazos dos
contratos pelo período de suspensão.
5- parcelamento das rescisões em até 5 vezes.
* contratos que se encerrem neste período serão prorrogados até a data final dos estaduais.
Coronavírus e o futebol cearense
O Esportes O POVO tem tratado sobre a situação dos clubes cearenses desde a paralisação do futebol por causa do coronavírus. Os
presidentes de Ceará e Fortaleza, Robinson de Castro e Marcelo Paz,
ressaltaram a importância do programa de sócio-torcedor neste momento
delicado.
"Será uma fonte de receita importante assim como foi no
ano passado, quando (o Brasileirão) parou para a Copa América",
comentou Marcelo Paz. "Será a receita mais certa que vamos ter. Não
sabemos como vai se comportar o mercado e os contratos que nós temos.
Mas o fato é que o torcedor e, principalmente, aquele que aderir ao
programa de sócio realmente vai estar ajudando na manutenção das nossas
operações", disse Robinson de Castro.
Presidentes de clubes menores do Estado relataram preocupação diante das despesas e dos impactos do coronavírus nas receitas.
"Chega a ser incalculável o prejuízo. Nem nós sabemos se vai ter
campeonato. Ficam as contas para pagar. A gente compreende a situação.
Todo mundo tem que ceder e se ajudar, os clubes pequenos, os grandes, as
federações, a CBF", afirmou Lúcio Barão, mandatário do Barbalha.
o Povo