Ronaldo de Assis, conhecido como Ronaldinho
Gaúcho, e seu irmão, Roberto de Assis, também ex-jogador de futebol,
tiveram prisão preventiva decretada neste sábado, 7. Os dois estão
respondendo pela acusação do uso de documentos falsos. A prisão
preventiva foi solicitada pelo promotor de justiça Osmar Legal, que
alegou que no caso dos irmãos havia uma grande possibilidade de fuga. A
juíza de plantão, Clara Ruiz Diaz, acatou o pedido.
Os ex-jogadores de futebol devem ficar presos aguardando a conclusão das investigações, o que pode durar até seis meses. Eles chegaram algemados no Palácio de Justiça de Assunção neste sábado, após terem sido detidos na sexta-feira, 6, e passaram a noite na unidade prisional Agrupación Especializada.
Em fala para a imprensa local, o promotor justificou
seu pedido: “Pedi a prisão preventiva na intenção de que se cumpra o
artigo 242, porque há perigo de fuga, e para que se cumpra todos os
outros requerimentos da norma... Porque é uma possibilidade (de saírem
do país) pela facilidade que têm economicamente de viajar”, declarou.
A defesa dos ex-jogadores havia solicitado também a
prisão domiciliar, mas o promotor argumentou que eles não apresentaram
nenhuma documentação, que haviam entrado no país de forma ilegal e que
não possuíam nenhum vínculo financeiro ou emocional no país, o que
também poderia facilitar a fuga.
ENTENDA O CASO:
Na
quarta-feira, 4, foi aberto um processo judicial contra Ronaldinho
Gaúcho e seu irmão, Assis. A acusação veio depois de terem sido
encontrados documentos adulterados na suite presidencial do hotel Resort
Yacht e Golf Club, na cidade de Lambaré, próximo à capital Assunção,
onde os ex-jogadores estavam hospedados. Além dos documentos,
aparelhos celulares também foram apreendidos. Os brasileiros estavam no
Paraguai para participar de um evento beneficente e promover o livro
“Gênio en la Vida”, escrita bibliográfica da vida de Ronaldinho.
De acordo com a investigação, os documentos teriam sido
emitidos em nome de outras pessoas e depois adulterados com os dados do
ex-camisa 10 da seleção brasileira e de seu irmão. As donas dos
documentos, as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia
Caballero, também estão detidas e sendo investigadas. O empresário de
Ronaldinho, Wilmondes Sousa Lira, que viajava junto com os irmãos,
encontra-se na mesma situação.
Na quinta-feira, 5, o
advogado de defesa de Ronaldinho, Sérgio Queiroz, defendeu que o
ex-desportista tem passaportes brasileiro e espanhol regularizados desde
o fim do ano passado e a situação é um “equívoco que será esclarecido”.
A Polícia do Paraguai chegou a entrar em contato com o governo
brasileiro, no início das investigações, a fim de checar a documentação
dos ex-jogadores brasileiros, já que, em novembro de 2018, o Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) determinou que os passaportes
deles fossem apreendidos até que uma multa, estipulada em R$ 8,5
milhões, por condenação por crime ambiental, fosse paga.
Na
manhã de sexta-feira, 6, Ronaldinho Gaúcho e Assis admitiram o crime
envolvendo o uso de passaportes e documentos de identidade adulterados,
e solicitaram “Critério de Oportunidade”, recurso da lei paraguaia que
possibilita a suspensão das acusações em crimes de menor potencial
ofensivo, caso os envolvidos não tenham antecedentes criminais e
reconheçam o erro. Com isso, os ex-jogadores de futebol conquistaram o
direito de liberdade e decidiram permanecer por mais alguns dias no
Paraguai. Porém, a decisão ainda teria mais um recurso no Juizado Penal
de Garantias do Paraguai, que na noite de sexta-feira, 6, negou o
“Critério de Oportunidade” aos jogadores e decretou a prisão preventiva
dos envolvidos.
o Povo