O coordenador do Núcleo de Pesquisa em
Desenvolvimento de Medicamentos (NPDM) da Universidade Federal do Ceará
(UFC), Odorico Moraes, alerta: o uso do esquema terapêutico associando
Hidroxicloroquina e Azitromicina só deve ser utilizado em casos graves
de Covid-19 e é desaconselhado o uso sem prescrição médica.
Ao O POVO, o médico destaca que a
situação é gravíssima e não existe ainda nada comprovado de nenhuma
terapêutica eficaz contra a Covid-19. "A auto medicação é um ato absurdo
e irresponsável. Esses medicamentos somente devem ser utilizados em
pacientes graves internados e sob estrita supervisão médica."
O coordenador do NPDM da UFC ainda esclarece que são
falsas as afirmações de que pessoa tratada com as terapias já haviam
sido curadas em 24 horas. "Não está curado e seu estado ainda é
gravíssimo".
Aos que fizeram a compra na farmácia sem prescrição,
Odorico ressalta que o tratamento não indicado com Hidroxicloroquina +
Azitromicina pode gerar reações adversas graves.
"Em resumo, para não deixar dúvidas, propus apenas que o
esquema terapêutico acima citado (Hidroxicloroquina + Azitromicina),
fosse utilizado compassivamente em pacientes com grave risco de morte,
uma vez que, não havia, naquele momento, nenhuma pesquisa clínica
proposta para testar esta hipótese", afirma.
Reações adversas
O pesquisador da UFC destaca que a toxicidade aguda por
cloroquina é mais frequente quando administrada muito rapidamente por
via parenteral. As manifestações tóxicas estão relacionadas com efeitos
cardiovasculares (hipotensão, vasodilatação, supressão da função
miocárdica, arritmias cardíacas, parada cardíaca), e do SNC (confusão,
convulsões e coma). As doses terapêuticas usadas no tratamento oral
podem causar cefaleia, irritação do trato gastrointestinal, distúrbios
visuais e urticária. Doses diárias altas (> 250 mg), resultando em
doses cumulativas de mais de 1 g/Kg de cloroquina base, podem gerar
retinopatia e ototoxicidade irreversíveis.
"O tratamento prolongado com altas doses também pode
causar miopatia tóxica, cardiopatia e neuropatia periférica, visão
borrada, diplopia, confusão, convulsões, erupções, quineloides na pele,
embranquecimento dos cabelos, alargamento do complexo QRS e anormalidade
da onda T, porém, com a interrupção do fármaco estas reações diminuem.
Em casos raros podem ocorrer hemólise e discrasias sanguíneas."
As reações adversas sistêmicas da Hidroxicloroquina
afetam o sistema gastrointestinal, sistema nervoso, sistema muscular
esquelético e a pele, e as oculares são: fotofobia, córnea verticilata,
poliose, catarata, paralisia dos músculos extraoculares, uveíte
anterior, maculopatia tóxica, neurite óptica.
o Povo