O ministério da Saúde
pode autorizar, até terça-feira (24), a prescrição da cloroquina e da
hidroxicloroquina para casos graves de Covid-19, doença provocada pelo
novo coronavírus. A declaração foi feita há pouco pelo secretário
executivo da pasta, João Gabbardo dos Reis. Até lá, o ministério soltará
uma nota com orientações sobre o uso dos medicamentos.
O secretário, no entanto, informou que a
eventual liberação dos remédios terá caráter experimental e valerá
apenas para pacientes internados em estado grave. Ele reiterou que os
dois componentes têm efeitos colaterais fortes e não podem ser estocados
para serem usados em caso de eventual gripe.
“Hoje, [os medicamentos] são usados em
pesquisas clínicas, com autorização dos comitês de ética dos hospitais,
em associação com outros medicamentos. Caso o Ministério da Saúde libere
a prescrição, poderá ser usado para pacientes graves, internados em
hospitais. Não é para ser usado por quem está gripado e acha que se
tomar esse medicamento e não vai ter complicações”, destacou Gabbardo.
Nos últimos dias, foi divulgado um estudo
realizado na França em que a cloroquina – usada para tratar a malária – e
a hidroxicloroquina – prescrita para casos de artrite reumatoide e
lúpus – diminuíram a contagem viral. Ontem (20), o presidente dos
Estados Unidos, Donald Trump, informou que o governo norte-americano
estuda a utilização dos medicamentos no tratamento do novo coronavírus.
Sobre a autorização do presidente Jair
Bolsonaro para que o Exército amplie a produção dos medicamentos, o
secretário-executivo disse que a medida tem caráter preventivo no caso
de um eventual aumento da demanda futura. No Brasil, o produto é
fabricado em laboratórios privados, das Forças Armadas e da Fundação
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
“Esses medicamentos já são fabricados no
Brasil e existem nas farmácias. Em função da possibilidade da utilização
para casos graves de coronavírus, estamos pensando na necessidade de
ampliação da produção. É isso que o presidente autorizou: que o Exército
possa ampliar a produção de medicamentos”, explicou. Ele lembrou que a
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) restringiu a venda dos
remédios com a retenção de atestado apenas para pessoas com as três
doenças tratadas pelos medicamentos: malária, lúpus e artrite
reumatoide.
Vacinação
Em relação à campanha de vacinação contra a
gripe, que começa na próxima segunda-feira (23) para idosos e
profissionais de saúde, o secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson
Kleber de Oliveira, relatou iniciativas de estados e de municípios para
evitar a aglomeração de idosos em postos de saúde. Ele citou parcerias
com escolas para vacinação em pátios, ambientes mais arejados, e o
fechamento de acordo com farmácias, empresas e entidades do setor
produtivo para evitar a concentração de pessoas em um único lugar.
Oliveira mencionou iniciativas para que
profissionais de saúde levem as doses às unidades hospitalares e às
clínicas para que os colegas se vacinem. Isso, afirmou o secretário,
evita o deslocamento em massa de profissionais de saúde para os postos
de vacinação. Ele também citou uma iniciativa do governo do Pará, que
fará a vacinação no sistema drive-thru, em que o motorista não sai do carro.
O secretário reiterou a recomendação para
que os governos locais adiem a vacinação em crianças. A campanha começa
nesta segunda para idosos e profissionais de saúde. Na etapa seguinte,
serão vacinados profissionais de segurança pública, doentes crônicos e
pessoas com restrição de liberdade. Somente na última fase, a vacinação
será liberada para as demais pessoas. Ele citou a simplificação do
registro, com a coleta apenas do registro da vacina, não do nome do
paciente, para diminuir o tempo de permanência na unidade.