O presidente da República, Jair Bolsonaro
(sem partido), afirmou que demitirá integrantes do Governo que "viraram
estrelas" no momento em que considerar adequado. Apesar do bate-cabeça
com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o chefe do Executivo federal preferiu não endereçar a ameaça. A declaração foi dada a um grupo de religiosos que se reuniu em frente ao Palácio da Alvorada, neste domingo, 5.
"(Em) Algumas pessoas do meu governo, algo subiu à cabeça deles.
Eram pessoas normais, mas, de repente, viraram estrelas. Falam pelos
cotovelos, têm provocações... A hora D não chegou ainda, não. Vai chegar
a hora deles, porque a minha caneta funciona”, prometeu o presidente. Bolsonaro
e Mandetta têm trocado farpas publicamente por não concordarem sobre o
isolamento social durante a pandemia de coronavírus.
Ele também disse que “não tem medo de usar a caneta,
nem pavor”. “E ela vai ser usada para o bem do Brasil. Não é para o meu
bem. Nada pessoal meu”, completou.
Bolsonaro escancarou seu descontentamento com Mandetta na última semana. O presidente disse que falta "humildade" ao ministro
e, embora tenha afirmado que não pretende dispensá-lo "no meio da
guerra", ressaltou que ninguém é "indemissível" em seu governo.
O protagonismo do auxiliar diante da crise envolvendo a
pandemia do coronavírus já vinha incomodando o presidente há algum
tempo. Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo sobre as declarações
de Bolsonaro feitas na última quinta-feira, 2, Mandetta respondeu:
"Trabalho, lavoro, lavoro", repetindo a palavra que significa "trabalho"
em italiano.
No dia seguinte às declarações do chefe, Mandetta disse que continuaria no governo, afirmando que um médico não abandona o seu paciente.
O incômodo de Bolsonaro não está restrito apenas à insistência de
Mandetta em apoiar as quarentenas decretadas pelos Estados. O presidente
também está extremamente irritado com o crescimento da popularidade de seu ministro, enquanto vê sua reprovação crescer entre a população, com atestam as pesquisas desta última semana.
Neste domingo, 5, o escritor e guru dos bolsonaristas,
Olavo de Carvalho, pediu a saída do ministro da Saúde sob a
justificativa de que a escolha para o cargo concedido a Mandetta
considerou apenas “critérios técnicos” e não ideológicos.
A O Estado de S. Paulo, Mandetta afirmou não ter visto a
fala de Bolsonaro pois "estava dormindo". "Amanhã eu vejo, tá?", disse,
ao encerrar a ligação.
Com Agência Estado