A pandemia de coronavírus que impôs o isolamento social a milhões de
cearenses, a exemplo do que ocorre em todo o Brasil, barrou,
temporariamente, o ímpeto dos pré-candidatos a vereador e a prefeito nas
pequenas, médias e grandes cidades.
As conversas que alimentam o sonho de uma vaga na Câmara
Municipal ou o cargo de prefeito são frias e longe do calor que gera
entusiasmo entre eleitor e pré-candidato. A angústia aumenta para quem
está fora do poder. Contribui para esse esfriamento o desinteresse ainda
maior dos cidadãos com o tema eleições. A preocupação é única:
covid-19. O impedimento para o abraço, o aperto de mão e a conversa olho
no olho abriu o espaço para a troca de mensagens pelas redes sociais.
Os encontros são virtuais como tentativa para animar aliados e deixarem
vivos quem traça planos para conquistar a Câmara ou a Prefeitura. A
postagem de vídeos enche as redes sociais e, quando feita com repetição,
gera efeito contrário, tornando-se enfadonha e cansativa.
Quem está na oposição sofre mais e, olhando pelo retrovisor,
enxerga atuais prefeitos ganhando fôlego com as medidas sociais e
econômicas para beneficiar as famílias mais vulneráveis. Ações que
ganham, na interpretação dos opositores, um viés eleitoral ou
pré-eleitoral, mesmo que o estado de calamidade pública empurre o gestor
para, com justiça, contemplar quem mais precisa.
Há, nessa caminhada pré-eleitoral, uma certeza: a caneta na mão
começa a permear o caminho para reencontro com eleitores, ex e futuros
aliados. Muitos prefeitos, que querem concorrer à reeleição e enfrentam
desgaste ou querem eleger o sucessor, encontram na pandemia do
coronavírus o guarda chuva para anunciar medidas que os aproximam mais
da população e os dão mais visibilidade. Entre o social e o eleitoral, a
distância vai encurtando.
CALENDÁRIO x PANDEMIA
O primeiro turno do pleito está marcado para o dia 4 de outubro,
mas antes dessa data o calendário prevê uma sequência de atos que os
partidos, eleitores e pré-candidatos precisam cumprir. São atos que
passam pela filiação partidária e transferência de domicílio eleitoral –
ocorridos no mês de abril, regularização do título de eleitor (6/05) e,
por exemplo, convenções (20/07 a 5/08) para oficialização de alianças
partidárias e candidaturas.
As datas do calendário estabelecido pela Justiça Eleitoral
precisam ser rigorosamente cumpridas para candidatos, partidos e
eleitores estarem aptos a participar das eleições de 2020. Há, no
caminho dessa agenda, a possibilidade das eleições serem adiadas em
função da crise sanitária que, até o momento, fez o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) cancelar dois testes (março e abril) do sistema das
urnas eletrônicas e adiar o treinamento de mesários que atuarão no
primeiro e segundo turnos das eleições.
Jornalista Luzenor de Oliveira