O Amazonas é um dos
estados com maior incidência de covid-19. Boletim divulgado na
quinta-feira (30) pelo governo do estado registrava 5.254 casos
confirmados e 425 mortes. De acordo com o balanço, 264 pacientes
internados, sendo 135 em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs), e
1.639 pessoas que se recuperaram da doença.
O centro da pandemia no estado é a capital,
Manaus. Conforme a atualização divulgada pelo governo estadual, eram
3.273 casos confirmados e 312 falecimentos em decorrência da doença. A
prefeitura chegou a informar até 140 sepultamentos em um único dia nos
cemitérios da capital.
No sábado (25), o governo enviou ofício ao
Ministério da Saúde reforçando o pleito de abertura de hospitais de
campanha em Manaus, a oferta de equipamentos e também de recursos
humanos. O governo alega que tem encontrado dificuldade para contratar
pessoas em unidades de saúde. No total, foram solicitados recursos para
contratação de 60 médicos para atuação em UTIs, 20 médicos para realizar
a coordenação nesses locais, 20 enfermeiros para UTIs e 80
fisioterapeutas.
Além disso, foram solicitadas a habilitação
de leitos e autorização para gerir o hospital universitário Getúlio
Vargas. O pleito já havia sido apresentado pelo governador Wilson Lima
ao vice-presidente Hamilton Mourão no dia 20 de abril. No total, seis
documentos com pedidos de apoio foram enviados ao Ministério da Saúde e à
vice-presidência da República. Outra reivindicação é a liberação de
respiradores adquiridos de uma fábrica brasileira e bloqueados por
decisão do Ministério da Saúde.
Recursos
O governador Wilson Lima quer aplicar na
saúde R$ 450 milhões referentes à parcelas devidas pela administração à
bancos públicos, como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto,
informou que solicitou ao novo secretário executivo do Ministério da
Saúde, Eduardo Pazuello, tomógrafos (para visualizar manchas no pulmão),
mais testes e equipamentos de proteção individual (EPIs) para
profissionais da saúde.
Em uma videoconferência da Associação
Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) realizada hoje (29), Neto afirmou
que o isolamento social é um fracasso na cidade e que o sistema de
saúde entrou em colapso pelo crescimento de casos na capital. “Tínhamos
30 a 32 enterros por dia, que correspondiam a gripes sazonais. Temos
nunca menos que 100, e chegamos a 140 ontem (28). É um quadro dramático.
O sistema de saúde colapsou, pois suas capacidades de atendimento estão
sendo muito rapidamente esgotadas. Então as respostas não são as que
nós idealmente gostaríamos de oferecer”, declarou.
Virgílio condenou a defesa contrária ao isolamento social pelo presidente Jair Bolsonaro.
Respostas
O ministro da Saúde, Nelson Teich, declarou
em entrevista coletiva na quinta-feira (30) que o Amazonas é prioridade.
Segundo ele, 180 leitos foram habilitados para o estado. Dos R$ 482
milhões em apoio que serão liberados na próxima semana, R$ 116 milhões
vão para custear as despesas do combate à pandemia no estado.
Outra medida anunciada na entrevista
coletiva foi o envio de 581 profissionais de saúde para reforçar a
atuação das equipes de saúde em Manaus. Eles chegarão à capital no
domingo e passarão por um treinamento realizado pela Empresa Brasileira
de Serviços Hospitalares (Ebserh).
Demandas judiciais
No dia 16 de abril, o juiz da 4ª Vara da
Fazenda Pública do Tribunal de Justiça do Amazonas, Paulo de Brito
Feitoza, determinou a abertura de todos os leitos do hospital Delphina
Aziz e abertura de leitos em outras unidades.
Além disso, outras ações ajuizadas pelo
Ministério Público de Amazonas tiveram ganho de causa para prover maior
estrutura de atendimento. É o caso de causas determinando ao governo do
estado a construção de 13 leitos de UTI em Parintins e de 10 leitos de
UTI em Itacoatiara.