As medidas que beneficiam policiais federais aguardam aprovação pelo
Congresso. O presidente Jair Bolsonaro ainda não sancionou o projeto que
garante o repasse de R$ 60 bilhões aos estados e municípios, para
reduzir as perdas arrecadatórias durante a pandemia do novo coronavírus.
Antes de liberar o dinheiro, o presidente cobra a aprovação da Medida
Provisória (MP) 918, que reestrutura as funções de chefia na Polícia
Federal e prevê gratificações ao topo da carreira.
Como o projeto que garante o socorro aos estados também congela
salários do funcionalismo público até 31 de dezembro de 2021, vantagens
já negociadas, como as previstas para os policiais, devem ser garantidas
antes de que o texto comece a valer.
Os parlamentares incluíram algumas exceções ao congelamento,
inclusive para profissionais da segurança pública, mas Bolsonaro
pretende vetá-las ao sancionar o texto, devido ao alto impacto
orçamentário.
A reestruturação das carreiras policiais também poderia ser
contestada por aumentar o número de funções comissionadas na PF,
enquanto o projeto de lei que aguarda a assinatura do presidente não
permite criação de novos cargos ou gratificações durante os próximos 18
meses. Com a aprovação da MP antes da sanção da lei, o governo acredita
que pode evitar problemas jurídicos depois, caso o conceda aumentos à
categoria ou crie funções, por exemplo.
Assim que sancioná-la, o governo não poderá fazer novas contratações,
a não ser para situações específicas, somente relacionadas à pandemia. A
reestruturação da carreira militar tem impacto de aproximadamente R$
7,9 milhões em 2020, diz o governo. A blindagem de parte do
funcionalismo do congelamento de salários, que será vetada, custaria até
R$ 87 bilhões aos cofres públicos, se fosse mantida como aprovada pelo
Congresso.
Bolsonaro tem até a próxima quarta-feira para sancionar o projeto de
auxílio aos estados, prazo que acredita ser suficiente para que os
senadores votem a MP de reestruturação das carreiras policiais, aprovada
pelos deputados na última quinta-feira.
Com o cronograma apertado, os estados só devem começar a receber as
transferências em junho, o que preocupa os governadores, que já sentem
os impactos da queda da arrecadação de tributos.
Segundo o governo, o impacto da medida será de aproximadamente R$ 7,9
milhões em 2020. A MP transforma cargos comissionados em funções
comissionadas destinadas. A diferença é que as funções são privativas
dos servidores do órgão. A MP ainda cria outros 516 funções
comissionadas, que são gratificações a servidores concursados.
Como as contratações também serão proibidas, o governo pretende
convocar mais de mil aprovados em concursos da PF e da Polícia
Rodoviária Federal (PRF), ainda antes da sanção. Eles devem preencher
vagas de delegados, peritos criminais, agentes de polícia, escrivãos e
papiloscopistas. O problema é que o curso de formação precisou ser
adiado devido à pandemia.
(*) Com informações do Correio Braziliense