O ministro Celso de
Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), recebeu nesta noite a cópia da
gravação de uma reunião, realizada no dia 22 de abril, entre o
presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente Hamilton Mourão, ministros e
presidentes de bancos públicos. O registro da reunião foi solicitada
pelo decano, que determinou que a mídia seja mantida em segredo de
Justiça.
No despacho proferido na terça-feira (5),
Celso de Mello pediu a cópia da gravação à Secretaria-Geral e à
Secretaria de Comunicação da Presidência da República ao atender o
pedido de diligência feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no
inquérito que apura as declarações do ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública, Sergio Moro, sobre suposta interferência de Bolsonaro
na Polícia Federal (PF). A reunião foi citada por Moro em depoimento à
PF na semana passada.
Desde a exoneração de Moro, o presidente
nega que tenha pedido para o então ministro interferir em investigações
da Polícia Federal.
As imagens da reunião foram entregues pelo
advogado-geral da União, José Levi do Amaral, em um HD externo. De
acordo com documento que comprova a entrega, a mídia “contém o inteiro
teor, sem qualquer edição ou seleção de fragmento” da gravação da
reunião.
Durante a semana, antes da entrega, a
Advocacia-Geral da União (AGU) defendeu restrições ao envio da gravação.
Na primeira petição, a AGU pediu que a entrega fosse revogada “pois
nela foram tratados assuntos potencialmente sensíveis e reservados de
Estado, inclusive de Relações Exteriores, entre outros”. Ontem (7), o
órgão pediu que o ministro também analisasse a possibilidade de entregar
somente uma parte da gravação da reunião.
No início da tarde de hoje, a AGU
solicitou que seja definida a cadeia de custódia, ou seja, por quais
órgãos o vídeo deve passar até que seja periciado.
Após receber as manifestações do órgão, Celso de Mello pediu parecer da PGR sobre o assunto.