Presidente da Associação dos Municípios do
Ceará (Aprece) e prefeito de Cedro, Nilson Diniz, defende a adoção do
lockdown em Fortaleza e Região Metropolitana para evitar que a pandemia
do novo coronavírus se espalhe drasticamente pelo Interior. O sistema
restringe ao máximo o fluxo de pessoas
"Diante desse quadro de agravamento, o Governo deveria
fazer lockdown em Fortaleza", avalia. Segundo ele, "ainda há um trânsito
grande" de pessoas se deslocando da Capital para outros municípios,
movimento que tem feito a doença se espalhar mais rapidamente do que o
previsto pelas autoridades. Ontem, Cedro registrou o primeiro caso de
Covid-19.
Até agora, o Estado contabiliza mais de oito mil
contaminados, com 677 mortos. Fortaleza concentra mais de 90% dos casos e
dos óbitos no Ceará. A capital cearense tem a maior incidência de
Covid-19 por milhão de habitantes no País.
"São quatro aspectos que justificam o lockdown (em
Fortaleza): temos número crescente de casos, número de óbitos na mesma
proporção, a estrutura hospitalar está estrangulada e a doença poderia
se espalhar pelo Interior", elenca o gestor.
Para ele, as próximas semanas serão muito importantes.
"Poderia ser tomada essa decisão logo (sobre o lockdown)", acrescenta.
Nas demais regiões do Ceará, o isolamento social continuaria a valer
como medida de combate à crise sanitária.
"Acho que o isolamento no Interior seria mais correto,
mas em Fortaleza temos de pensar nisso, já que outras cidades estão
fazendo. E temos de pensar em como fazer", ressalva o dirigente da
Aprece, que integra comissão que discute o quadro de enfrentamento à
pandemia, formada por representantes do Governo e de entidades da
sociedade civil.
No último sábado, em coletiva no Palácio da Abolição, o governador Camilo Santana (PT) anunciou
a renovação do decreto de quarentena por mais 15 dias, agora com
medidas mais drásticas. O chefe do Executivo admitiu que o lockdown está
sob estudo e pode ser empregado.
A alternativa, que foi determinada em parte do
Maranhão, restringe ao máximo o fluxo de veículos e de pessoas,
estabelece protocolos mais rígidos de acesso a supermercados e
farmácias, por exemplo, além de fixar barreiras nas divisas
intermunicipais, de modo a impedir fluxo e maior risco de contágio.
Ao lado do prefeito Roberto Cláudio (PDT), Camilo
reconheceu ainda a dificuldade de garantir a adesão ao distanciamento
social no Ceará e alertou que a rede de leitos de UTI estadual e
municipal está perto da exaustão, apesar dos esforços de Governo e
Prefeitura, como a aquisição de mais 100 leitos especiais na próxima
semana.
O governador também descartou totalmente a
possibilidade de flexibilizar as ações contra o coronavírus em Fortaleza
neste momento de explosão da doença, como tem defendido um segmento do
setor produtivo que participa do grupo de trabalho. Camilo passou o fim
de semana reunido com secretários para discutir saídas e elaborar
mudanças no novo decreto, que deve ser publicado hoje, impondo mais
restrições na tentativa de conter o avanço da pandemia.
o Povo