A obrigatoriedade do
uso de máscaras em diversas cidades brasileiras para evitar o contágio
da covid-19 criou oportunidade para negócios extensa cadeia produtiva de
fornecedores, que envolve desde grandes indústrias têxteis e confecções
com marcas à venda no varejo, até pequenas oficinas de costura que
prestam serviço local para conserto de roupas.
O uso de máscara é compulsório para a circulação das pessoas nas duas maiores capitais: São Paulo e Rio de Janeiro.
Os estados da Bahia, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,
Pará, Pernambuco, Piauí, Rondônia e Santa Catarina também adotaram
medidas para as pessoas portarem a proteção. No Distrito Federal, a
partir do dia 11 de maio quem estiver sem máscara nas ruas ou locais públicos poderá ter que pagar multa de R$ 2 mil.
A proteção exigida às pessoas pode ser a
“tábua de salvação” da cadeia produtiva que estava paralisada por causa
do fechamento do comércio e da diminuição de circulação das pessoas,
conforme estabelecido entre as medidas de distanciamento social, avalia
Anny Santos, coordenadora nacional de moda do Sistema Sebrae.
Ela considera que “junto com o turismo e a
economia criativa, a moda foi um dos setores mais afetados.” Segundo
ela, a moda e o artesanato “perderam apelo de compra”. Isso porque, “a
população está mais receosa com o consumo, e os gastos são feitos com
alimentação, compra de produtos de higiene, medicamentos e outros itens
na farmácia”.
Anny Santos assinala que a demanda criada
com a obrigatoriedade das máscaras pode ser atendida com a capacidade
instalada na cadeia produtiva. “A confecção de máscaras não exige
adequação da linha de produção e nem aquisição de novas matérias
primas.”
Adaptação dos negócios
Em Brasília, pequenos empreendedores
readaptaram suas atividades para fornecer máscaras artesanais de pano e
assim viabilizar seus negócios. Esse é caso da Absorvy Produtos
Sustentáveis que vendia artigos femininos e produtos de uso reciclável
como canudos de silicone reutilizáveis e agora tem como carro-chefe do
seu perfil no Instagram máscaras de pano, inclusive com estampas de
times de futebol, super-heróis e personagens infantis, confeccionadas
por três costureiras que moram na periferia de Brasília.
O mesmo movimento fez Maria Jília Chelini
que há quatro anos se dedica ao seu negócio, “Faz pra Mim? Atelier”,
especializado em brinquedos pedagógicos de tecido e feltro. Ela trabalha
sozinha em sua casa com máquina de costura. Depois de confeccionar
máscaras para a família, postou imagens no Instagram de sua loja virtual
e começou a receber pedidos.
“Eu gosto mesmo é de fazer brinquedos, mas
do ponto de vista econômico, as máscaras estão nos salvando”, descreve
ao recomendar: “quem precisa tem que fazer conversão de suas
atividades.”
A fisioterapeuta Gabriela Junqueira não teve
medo de se adaptar. Após se preparar durante o segundo semestre do ano
passado fazendo cursos no Sebrae para abrir seu negócio e investir na
compra de estúdio de pilates, a interrupção das aulas presenciais fez
Gabriela procurar outra atividade.
Muito habilidosa em trabalhos com retalhos de tecidos (patchwork),
ela aprendeu com uma amiga a fazer máscaras e criou produtos
personalizados e até para bebês. “Eu estou fazendo coisas boas e pagando
as minhas contas”, comemora após ter feito em quatro semanas 300 máscaras e ter doado parte da produção.
Tutoriais
O Sebrae publicou em seu canal YouTube um
vídeo que trata da adaptação das confecções de roupa à produção de
máscaras. O filme contém tutorial sobre a peça e pode ser útil à
pequenos empreendedores e a toda a cadeia do varejo têxtil que antes da
crise empregava mais de 900 mil pessoas.
Para a grande indústria, convocada a
fornecer máscaras cirúrgicas e equipamentos de proteção individual (EPI)
para uso das equipes de saúde, a Associação Brasileira da Indústria
Têxtil e de Confecção (Abit) publicou em seu site uma página para tirar dúvidas e divulgar links com as especificações técnicas exigidas pelas autoridades sanitárias.
Já a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) criou uma plataforma
na internet para aproximar a demanda de hospitais e instituições
públicas por EPI dos fabricantes fornecedores. Quem precisa comprar os
equipamentos de proteção e quem tem produto a oferecer deve se cadastra
na plataforma.