O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE),
criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro em relação à maneira
como ele tem conduzido a pandemia do novo coronavírus no País. De acordo
com o parlamentar cearense, as atitudes do chefe do Executivo causam
confusão na sociedade, deixando a população desnorteada. As declarações
foram dadas durante entrevista concedida na tarde de ontem, em
transmissão ao vivo para as redes sociais realizada por O POVO.
"O presidente e o governo estão completamente
despreparados e sem coordenação, criando crises desnecessárias. Ontem
mesmo nós vimos outra crise, em determinado momento eu digo até
ridícula, com aquela marcha até o Supremo (Tribunal Federal), com
empresários" afirma, referindo-se à visita surpresa de Bolsonaro,
ministros e classe empresarial à Corte para defender a retomada de
atividades.
O senador, que também é empresário, afirmou que a
dicotomia entre economia e saúde, defendida pelo presidente, não existe.
O que há, segundo ele, é uma falta de compreensão de setores sobre a
gravidade do problema. Para ele, os representantes da indústria que
caminharam ontem com o presidente "deram um tiro no pé e mancharam a
imagem de ser humano do empresário brasileiro".
Durante a entrevista, Tasso afirmou que vem sofrendo
pressão, inclusive da classe empresarial, para endossar a reabertura do
comércio, mas entende que não é o momento adequado. "A gente tem que
fazer aquilo que é certo. Não o que é simpático a alguns. Essa é a
diferença entre o estadista e o populista", defendeu.
Além disso, o parlamentar elogiou a postura do Governo
do Estado na condução da crise sanitária, em especial do secretário da
Saúde do Ceará, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto,
que, segundo o senador, faz um trabalho exemplar. "Tenho acompanhado os
esforços, até mesmo pessoais, do secretário. Eu acho que nós não temos
um desastre maior em função da sua dedicação para essa causa", afirmou.
Sobre o clima de constante tensão provocado pelo
presidente, Tasso defende a solidez das instituições. "Hoje, a própria
população brasileira não aceitaria nenhum movimento desse tipo. As
Forças Armadas asseguram que não desrespeitam a Constituição (…) e
quando conversamos com pessoas ligadas às Forças Armadas, não percebemos
esse clima", disse.
O parlamentar cearense ainda repercutiu a possibilidade
de adiamento das eleições deste ano, defendendo cautela na
administração do cenário. "Eu prefiro aguardar até o final de junho para
ver como estará a pandemia no País como um todo e se existe ou não a
condição de realizar eleições sem agravar a situação. Acho que adiar
eleição é péssimo, mas muita coisa péssima tem que ser feita nesse
momento", encerra.
o Povo