Cada caso da Covid-19 está sendo transmitido em média
para menos de uma pessoa no Ceará, de acordo com estudo da Secretaria
da Saúde do Ceará (Sesa) em parceria com o Centro de Controle e
Prevenção de Doenças de Atlanta, nos Estados Unidos.
Segundo o documento que O POVO teve
acesso, o número que determina a taxa de contágio efetivo — chamada de
RT — caiu para 0,8 quando considerados os últimos dias de maio e os
primeiros de junho. Esse mesmo dado chegou a atingir o patamar de 2,5
durante o mês de março.
O estágio atual, conforme a pesquisa, pode significar
que cadeias de transmissão foram interrompidas e, assim, o fim da
epidemia em alguns locais. Outra possibilidade, no entanto, é que a
queda seja decorrente de um atraso da notificação.
Casos no Interior
Durante transmissão ao vivo neste sábado, 6, o
governador Camilo Santana ressaltou a preocupação com a disseminação de
casos no interior do Ceará. Entre outros fatores, o estudo da taxa de
contágio motivou a decisão de Camilo para a manutenção das medidas de
isolamento rígido na Região Norte do Ceará.
Os especialistas alertam que, devido à taxa de
transmissão está bem próxima de 1,0 nessa região do Estado (quando cada
caso contamina uma pessoa, em média), há risco de novo incremento de
contaminações. A conclusão ainda levou em conta um número de internações
acima do esperado para o período.
“Há uma importante ocorrência registrada pelos sistemas
de informação de internação hospitalar e diagrama de controle de
hospitalizações mostrando maior números de internações acima do esperado
para o período. Para essa região é primordial identificar que
municípios ainda estão em epidemia para focar em medidas de prevenção”,
defende o documento.
Para outras regiões do Interior, os pesquisadores
recomendam ainda que medidas como o distanciamento social e o
acompanhamento e isolamento dos casos continuem em vigor. No Cariri, por
exemplo, o estudo recomenda a pronta detecção e notificação de casos,
bem como o registro dos resultados dos testes rápidos.
Em Fortaleza, que concentra mais de 85% dos número
total de casos, as conclusões são similares à avaliação mais geral do
Estado. A taxa de contágio está por volta de 0,9 e isso pode significar a
interrupção de cadeia de transmissão, mas também pode corresponder a um
atraso na notificação.
Em entrevista ao O POVO nessa sexta-feira, 5,
Lígia Kerr, professora do Departamento de Saúde Comunitária da
Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica
que uma das recomendações para o relaxamento do distanciamento social é
que a taxa de transmissão esteja abaixo de 1 por 14 dias. "Isso tudo
para termos certeza de que não estamos vendo uma coisa errada", afirma.
A especialista destacou ainda que outro ponto que deve
ser observado é a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva
(UTI). A sugestão é de que o relaxamento seja iniciado com 30% dos
leitos livres. "Eles estão trabalhando com 20%. E tem estados no Brasil
trabalhando com 95% dos leitos ocupados", aponta. A professora, porém,
pontua que o Ceará tem sido reconhecido pelas medidas de prevenção
adotadas.