Para melhorar a imagem do governo Jair Bolsonaro no Brasil e no exterior, a Secretaria de Comunicação (Secom), comandada por Fábio Faria (PSD), solicitou a liberação de R$ 325 milhões para uso com publicidade e relações públicas. Conforme informações divulgadas pelo jornal Folha de S. Paulo, neste domingo, 5, o orçamento equivale a mais que o dobro do que deveria ser gasto com essas ações neste ano, que era em cerca de R$ 138,1 milhões.
A justificativa dada pela Secom é de que o aumento do orçamento se fez necessário frente à pandemia do novo coronavírus, momento em que é preciso “ampliar” o acesso às informações. No entanto, o verdadeiro motivo, apontado pela reportagem, seria o aumento da rejeição pública ao presidente, ocasionado por 44% dos brasileiros, segundo pesquisa feita em junho pelo Datafolha.
Bolsonaro estaria insatisfeito com a forma como as ações realizadas em seu governo proporcionaram uma imagem negativa dele no Brasil e no exterior. Dessa maneira, o uso da verba seria uma tentativa de criar uma visão “positiva” da sua liderança e de driblar as diversas crises em que seu nome já esteve envolvido.
Ainda segundo reportagem, na última quinta-feira, 2, o presidente participou da primeira reunião virtual de cúpula de presidentes do Mercosul e, na ocasião, tratou a repercussão negativa de seu governo como "opiniões distorcidas", garantindo que está tentando corrigi-las. Como método para isso, Bolsonaro afirmou que seriam mostradas ações “em favor da floresta amazônica e do bem-estar das populações indígenas”.
A Folha teve acesso a três ofícios encaminhados pela Secom à Secretária-Geral da Presidência, à Secretaria de Governo e ao Ministério da Economia, em que a liberação da verba com publicidade era justificada. Nos documentos, a secretaria afirmava que a imagem negativa do governo está “impactando a imagem” do País e que seria, dessa maneira, fundamental circular “pautas positivas”.
Dos R$ 325 milhões pedidos pela pasta, R$ 200 milhões seriam gastos em publicidades com mídias regionais e nacionais e R$ 60 milhões seriam utilizados para gastos com ações em veículos no exterior. A Secom foi procurada pela Folha mas não se manifestou.
O POVO