Escola Politécnica da UFRJ retoma aulas virtuais nesta segunda-feira

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 ensino online, educação a distância


Agência Brasil 

As aulas na Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vão voltar, de forma remota, na próxima segunda-feira (24), mas isso pode ser um problema para alguns alunos. Eles não têm acesso à internet e nem equipamentos para acompanhar as aulas virtualmente.

Um levantamento da escola, feito após o lançamento do edital que trata da campanha Inclusão Digital, apurou que do total de 4.998 matriculados em 13 cursos de engenharia, cerca de 300 alunos não têm computadores e nem rede adequados para acompanhar as aulas. Todos foram cadastrados conforme o edital.

Pelos cálculos feitos, o custo estimado para inclusão digital, por aluno, é de cerca de R$ 4,9 mil. A saída para resolver a questão foi lançar a campanha a fim de arrecadar recursos. Além da compra de computadores, o dinheiro vai servir para garantir o acesso à internet a esses estudantes.

“O aprendizado dos alunos está em risco e pedimos a sua ajuda! Precisamos de doações para garantir que todos tenham acesso às aulas em igualdade de condições e que possam seguir adquirindo conhecimento para a construção do seu futuro!”, destaca o texto da campanha no site da escola.

Os computadores serão emprestados aos alunos com dificuldades financeiras e, depois da pandemia, tudo o que for adquirido ficará à disposição nos laboratórios de Ensino de Graduação da Politécnica, com uso permitido a todos os alunos. O slogan da campanha é "Empatia e Solidariedade podem mover o mundo! Toda ajuda é significativa". 

O site informa que até a última quinta-feira (20) 53 doadores tinham depositado R$ 45.114,04. De acordo com a diretora da Escola Politécnica, professora Cláudia Morgado, com o dinheiro de início serão comprados dez computadores completos para as especificidades dos cursos e monitores. “Conforme forem chegando mais recursos, a gente vai comprar mais algumas levas e já entrando no procedimento de certificação e de lacre, porque tem que registrar como patrimônio e organizar toda a documentação de empréstimo”, disse em entrevista à Agência Brasil.

A diretora informou que o levantamento partiu de comunicações feitas a todos os alunos por e-mail, contato telefônico e cartas aos endereços para identificar os que precisavam dos equipamentos e da internet. Ela contou, que entre os quase 5 mil alunos, 1.400 não responderam, mas não é possível saber se apenas não se interessaram ou se não receberam as mensagens. “Não sabemos se estão realmente excluídos digitalmente, então, tem aí um número de incerteza”, completou.

Além da compra dos equipamentos, a escola está fazendo uma busca em outras unidades da universidade, como os institutos de Matemática e Física, que possam emprestar os computadores durante o período das aulas virtuais. Segundo a professora, é grande a preocupação com os alunos sem condições financeiras que estão no início do curso. O temor é que diante da dificuldade de acesso às aulas, eles abandonem a universidade.

“Depois que eles entram no terceiro ou quarto período, às vezes conseguem uma bolsa de inserção científica, se integrar em um laboratório, então conseguem algum tipo de renda, as coisas começam a melhorar um pouco e adquirem algum tipo de dispositivo, mas no início é o momento mais crítico, porque eles vêm da condição social original. Se a gente não consegue, logo no início, dar essa condição, perdemos esse aluno”, comentou, acrescentando que entre os 300 alunos identificados 78 são calouros.

De acordo com a professora, para os cursos de engenharia é muito difícil adquirir um celular e acompanhar as aulas, fazer trabalhos com cálculos e acessar softwares por esse tipo de dispositivo. “Vai estar em uma situação de desigualdade muito grande. Dentro da universidade esse aluno acaba tendo acesso a computadores dos laboratórios,fazendo seus trabalhos em horários alternativos, mas em casa, afastado, realmente perde essa condição. O celular não tem capacidade de memória para fazer isso”, disse.

A diretora informou ainda que, em outro edital, a UFRJ libera R$ 1 mil para a inclusão digital de alunos com dificuldade financeira. “Quem recebeu esse auxílio, a gente considera que pode comprar outros periféricos para complementar o equipamento e ter melhor acesso”.

Alternativa

Claudia Morgado adiantou que o Conselho de Ensino e Graduação da UFRJ está avaliando a possibilidade de estender o período de aulas virtuais. Em princípio, seria feito um intervalo de duas semanas, com o recomeço de um próximo período do currículo logo na sequência. Isso porque já é certa a falta de condição da retomada das aulas presenciais neste momento. No caso da Escola Policlínica, segundo ela, para respeitar o distanciamento de dois metros entre os aluns, só seria possível atender, no máximo, a 20% dos estudantes.

Além disso, a maior parte dos professores está em grupos de risco. “As únicas aulas presenciais que a gente está estudando são as de laboratório, mas isso não seria neste período. Seria para os próximo. Estamos estudando para ver como podemos avançar no currículo”, informou.

Doações

Quem se interessar pode fazer doações por meio da Fundação Universitária José Bonifácio, na conta-corrente 80.618-8, no Banco do Brasil, Agência 2234-9, CNPJ da FUJB: 42.429.480/0001-50. A cópia do recibo de depósito deve ser encaminhada em mensagem à Gerência de Fomentos e Doações, com informação de CPF/CNPJ.

Se as doações forem diretamente de equipamentos ou serviços é preciso apenas encaminhar um e-mail, indicando no assunto doação - inclusão digital. “Pela legislação é direto para a universidade. A gente manda um técnico, que faz um teste para ver se tem condição de uso, faz uma documentação para registrar o patrimônio e no caso de serviços, se for operadora, foi especificado, no mínimo, 20G, que é o que se considera para pelo menos 100 horas de aula por mês. Se alguma operadora de telefonia pudesse ceder, seria muito interessante”, concluiu.

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