A campanha eleitoral de 2020 tem um fato novo: o eleitor. As pesquisas eleitorais divulgadas, nas últimas semanas, exibem um cidadão mais exigente com os planos e promessas dos candidatos.
A ordem de exigências é conhecida, mas, para o pleito de 15 de novembro, o degrau está mais elevado. O nobre eleitor aponta a saúde a concentrar 75% das prioridades. Ele exige hospital, UPA, policlínica e a novidade: planos de saúde populares. Ao falar de educação, cita escola profissionalizante e de tempo integral. Nas queixas sobre a falta de emprego, o cidadão que vai votar quer melhores salários. Diz que trabalhar por conta própria é uma opção real.
Os candidatos sabem que a informação está chegando, com melhor qualidade até o eleitor. Por isso, o debate melhora e os candidatos, mais alinhados com o "novo normal", estão mudando o caráter de suas propostas e da comunicação com o eleitorado.
Esse cidadão da era da pandemia aprendeu muito, ficando em isolamento social em casa. Fez compra pelo celular, aprendeu pequenos consertos, gastou horas mexendo nas redes sociais, agregou conhecimento, ampliou seu radar, abriu novos horizontes. Ele sabe o que quer. O prefeito a ser eleito precisa ir além da mesmice, ter uma narrativa convincente e ser altamente confiável.
Em São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Fortaleza, o nível de complexidade da eleição mostra, além dos fatores citados acima, o aspecto da disputa ter entrado na agenda nacional. Ciro, Lula e Bolsonaro travam batalhas. Em leitura mais abrangente, é possível afirmar que o cenário acontece no país inteiro.
Na semana passada, o presidente Bolsonaro fez sua vigésima investida no Nordeste. A agenda dele foi abrir uma torneira em uma localidade com 25 mil habitantes. Política na veia. Lá, abriu o bico, elogiando políticos do centrão de Alagoas, seus aliados. Bolsonaro quer eleger o deputado alagoano Arthur Lira (PP), presidente da Câmara dos Deputados. Seria coroar sua aliança. Ele quer derrotar Renan Calheiros, em Alagoas. Na sua live das quintas-feiras, Bolsonaro comentou a visita a Pinhais e saiu citando candidatos que pretende ver vitoriosos e derrotados.
Ao novo eleitor, cabe avaliar todos os cenários, com o pensamento positivo de acertar. Pelo engodo nas pesquisas, onde não surgem favoritos, fica a primeira lição. O debate descabido entre direita e esquerda não tem muito significado na mente de quem pensa em voltar por melhores serviços. O campo político ganhou, na verdade, a definição dos personagens para 2022. Bolsonaro, Lula e Ciro estarão travando um debate quente sobre o Brasil.
Os novos prefeitos serão a mistura de geração Covid 19 e a versão novo normal para vida saudável. A realidade irá impor mais cobrança, olhar de lupa por parte do eleitorado e dos órgãos de fiscalização. É aguardar o resultado das urnas, para conhecermos o que realmente pensa o novo eleitor.
Roberto Moreira