Uma mulher de 40 anos morreu de coronavírus em Sorocaba (interior de São Paulo) quase 20 dias após ter enviado uma mensagem ao filho comemorando que havia se curado da doença. Na conversa, Andreia Alves Silva disse que havia tido alta do hospital. “Sobrevivi à Covid”, escreveu.
Em entrevista ao portal G1, a irmã da vítima, Adriele Alves, explicou que ela não tinha comorbidades e continuou trabalhando durante a pandemia como balconista em uma loja de cosméticos. Andreia foi à Unidade Pré-Hospitalar (UPH) Zona Oeste pela primeira vez quando começou a sentir dores no corpo e um pouco de falta de ar. Recebeu o diagnóstico de uma pequena pneumonia e iniciou o tratamento em casa.
Três dias após o início da medicação, no entanto, Andreia teria começado a apresentar outros sintomas. “No quarto dia, ela falou: ‘Estou tendo falta de ar, algumas dores no corpo e alguns desmaios’”, explicou Adriele. A vítima retornou para a UPH, onde foi constatado um comprometimento no pulmão, mas que podia ser cuidado em casa.
Dois dias depois, Andreia passou mal e dirigiu-se pela terceira vez à unidade hospitalar, porém os médicos teriam dito que não era Covid. De acordo com a irmã, o teste da doença chegou a ser feito, mas o resultado demorou a sair. “Eles passaram o medicamento para Covid, mas disseram que não era”, afirmou à reportagem do G1.
Em casa, a mulher teria sentido muita falta de ar e voltou novamente para a UPH. Desta vez, a família foi informada de que a paciente deveria ficar internada e que seria transferida para um hospital, pois o vírus estava atacando o corpo dela. No dia seguinte, Andreia foi encaminhada ao Hospital Santa Lucinda, onde ficou internada por dois dias, segundo a irmã. “Falaram para ela vir embora, que ela não tinha nada”, disse.
Andreia foi para a residência do namorado, onde ficou por cinco dias até que decidiu voltar para casa, onde mora com os pais. Ela chegou a conversar com familiares e a enviar as mensagens para o filho dizendo que havia sobrevivido à Covid-19.
Em 1º de março, ela se sentiu mal mais uma vez e retornou à UPH. “Ela estava bem, normal. Conversava, digitava, mandava foto e tudo mais”, contou a irmã. No outro dia, a família foi informada de que a paciente seria intubada e de que eles deveriam comparecer à unidade para recolher os pertences dela. “Fomos lá, mas eles demoraram e vimos que tinha algo estranho”, relembrou Adriele.
Andreia morreu no mesmo dia. Segundo a irmã, ela foi enterrada durante a madrugada, em Sorocaba: “Não teve velório e acho que isso é o que mais dói na gente, sabe? Minha irmã sempre foi alegre, contagiante. Ela não imaginava que pegaria Covid”.
Questionada pelo portal G1, a Prefeitura de Sorocaba respondeu apenas que, “no caso dessas questões particulares, por se tratar de sigilo médico, é preciso que o prontuário da paciente seja solicitado pela família”.