Um dos segmentos mais impactados pela pandemia de Covid-19, o setor de eventos completa dez dias hoje desde que foi autorizada a retomada limitada de atividades no Ceará, com público máximo de 30 a 50 pessoas, caráter corporativo e exigências de vacinação ou testes avançados para detecção do vírus.
A maior expectativa das empresas que organizam e dos espaços que recebem eventos é pela volta das celebrações sociais, especialmente as de médio e grande porte, o que só deve ocorrer a partir de outubro e ainda com protocolos rígidos, segundo estimativa do secretário de Turismo do Ceará, Arialdo Pinho.
“Não adianta nos enganarmos, enquanto pelo menos esse público que está tomando agora a primeira dose não tiver recebido também a segunda dose, não dá para pensar em grandes eventos e isso só deve ocorrer em outubro. O próprio Centro de Eventos não tem nada agendado ainda e a previsão para lá é a mesma. E quando voltarem os eventos deve haver exigência da comprovação de vacinação em duas doses”, defendeu.
Apesar disso, Pinho compartilha da opinião de representantes do segmento que para pequenos eventos corporativos seria possível dispensar a necessidade de cobrar testes ou comprovante de imunização para os participantes. “Eu acho que em ambientes abertos, eventos para até 100 pessoas não haveria problema. Não faço parte do Comitê de Enfrentamento à Covid-19, mas caso eu seja consultado darei essa sugestão”, afirmou.
Essa é uma reivindicação também do setor hoteleiro. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Ceará (ABIH-CE), Régis Medeiros, alguns estabelecimentos têm até 30% das receitas oriundas do aluguel de espaços para realização de eventos. “A reabertura, realmente, foi muito limitada porque tal como está praticamente só permite eventos voltados para idosos ou para profissionais da área de saúde, já que a alternativa de fazer exames, além de incômoda, é cara”, argumenta.
Ele acrescenta que de seis cotações sobre a realização de eventos corporativos em hotéis de Fortaleza que tomou conhecimento apenas um encontro médico ocorreu efetivamente. “Se você pode estar dentro de um restaurante, com seis pessoas em uma mesa, seis em outra e, assim sucessivamente, porque você não pode ter 30 pessoas dentro de um salão de eventos em uma reunião corporativa com protocolo muito mais rígido e sem o consumo de bebida alcoólica” questiona Medeiros.
Apesar das restrições, a presidente do Sindicato das Empresas Organizadoras de Eventos e Afins do Estado do Ceará (Sindieventos), Circe Jane da Ponte, considera que a expectativa para o segundo semestre do setor é positiva. “Ninguém tinha perspectiva nenhuma. A gente estava esperando primeiro a sinalização de uma retomada, mesmo que tímida, como aconteceu. Agora, na medida em que esses números da pandemia vêm caindo, então, a nossa esperança aumenta”, comemora.
“Eu tenho ouvido relatos de associados sobre remarcação de alguns eventos para o segundo semestre, principalmente, os híbridos, em que há um número restrito de pessoas presencialmente e uma amplitude de participação no virtual. Já o pessoal que trabalha mais com eventos sociais trabalha com a possibilidade de voltar em setembro”, relata. Segundo Circe, existem 6 mil empresas cadastradas como “organizadoras de evento” no Ceará.
Ainda conforme a presidente do Sindieventos, em um levantamento informal que fez entre associados ela verificou pelo menos cinco empresas realizando ou prevendo realizar eventos nesta semana, em variadas modalidades, do online ao presencial. Dois deles ocorreram ontem. O primeiro no período da manhã reuniu 15 produtores de eventos em uma capacitação para o retorno das atividades. O segundo, à noite, foi gravado no estúdio de uma empresa do setor e transmitido pelas redes sociais, tendo médicos como público principal.
Para Ivon Queiroz, que comanda o Centro de Treinamentos e Eventos do Brasil (CTEB) no Ceará, o segmento teve de se ‘reinventar’. “Nós escolhemos convidar produtores, justamente, porque é esse profissional que vai estar ao longo de toda a cadeia do setor de eventos. É ele quem faz os primeiros contatos, quem vai contratar o pessoal de luz, de som, enfim, ele vai gerenciar todo um processo até o evento ser entregue”, resumiu ao falar do “Café com Produtores", realizado ontem.
Já o proprietário da F3 Produções Paulo Pina acredita que “os eventos híbridos são uma tendência que não acabaram com o fim da pandemia”. Ele segue até o dia 27 de julho organizando um curso de ECMO (da sigla inglesa ‘Extracorporeal Membrane Oxigenation’), ministrado pelo cirurgião cardiovascular Juan Mejia. “A gente avalia que essa mescla vai acontecer muito em congressos médicos, por exemplo, com palestrantes online falando para plateias presenciais”, projeta.
o Povo