Baú de Leitura tem 16 anos e ajudou mais de 400 instituições, o trabalho foi adaptado durante a pandemia.
O brasileiro lê em média 5 livros por ano, sendo cerca da metade lidos em parte. Entre os anos de 2015 e 2019, o Brasil perdeu 4,6 milhões de leitores, de acordo com dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. A porcentagem de leitores também apresentou uma queda de 56% para 52% e a quantidade de brasileiros acima dos 5 anos que não haviam lido nenhum livro por pelo menos três meses atingiu a marca de 93 milhões de pessoas.
A internet, as redes sociais e a televisão, são diversas vezes apontadas como causa da redução ou falta de leitura do povo brasileiro, porém, é válido ressaltar que resultados como estes apontam que o Brasil não vê a leitura como um hábito diário e isso traz consequências significativas no dia a dia. Em Maio de 2021, veio à público o relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o qual afirmou que 67% dos jovens de 15 anos no Brasil não conseguem distinguir fatos de opiniões e isso causou um notável debate sobre a educação no Brasil e os efeitos das mídias sociais na formação dos jovens da geração atual. “O incentivo à leitura é importante em qualquer contexto, a leitura tira a venda da gente de ignorância, ela nos permite sonhar e nos permite chegar a um outro patamar, o conhecimento abre portas” afirma Júlia Barros, 38, coordenadora executiva do projeto Baú de Leitura.
O Baú de Leitura surgiu em 2005, durante uma conversa da Coelce e a ONG Casa do Conto. O objetivo principal era beneficiar cidades do Ceará com baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) por meio da doação de livros e a promoção de momentos de contar histórias para escolas e projetos sociais. O projeto cresceu e atualmente conta com o apoio da Enel e da Secretaria de Cultura do Estado do Ceará, objetivando incentivar a leitura em comunidades de baixo IDH e promover a criação de espaços de leitura e a implementação de um acervo literário nas comunidades participantes.
Atualmente, o projeto está funcionando na modalidade “emergencial” atendendo abrigos de crianças e idosos por meio da Lei Aldir Blanc, que estabelece mecanismos para garantir apoio aos trabalhadores da cultura e a manutenção de espaços culturais que foram afetados pela pandemia de Covid-19. “Temos feito de tudo para que as coisas aconteçam de qualquer maneira, a gente fez lives com os orfanatos, tem sido bom, os baús de leitura já estão nas instituições, foram quarentenados e as crianças já podem brincar. Tem sido um respiro bacana, esses orfanatos e os centros de idosos precisam desse apoio” explica Almir Mota, 58, presidente da Casa do Conto.
O presidente afirma ainda que o feedback do projeto tem sido bom “O incentivo à leitura para crianças é uma coisa muito especial, é estimular a brincar, a se divertir, a leitura tem que ser um colorido bacana à crianças que estão em casa passando por essa pandemia” detalha.
O Baú de Leitura já atendeu mais de 400 instituições, se encontra espalhado por todo o estado do Ceará e já alcançou 5 cidades no Piauí, onde é chamado de “Baú de Leitura intinerante”. O projeto planeja uma expansão para 2022, o “Baú de Leitura Território” onde o foco serão povos ciganos, quilombolas, indígenas, população ribeirinha, povos de religiões de matriz africana, entre outros.