Encurralado entre o desgaste de sua popularidade e a dependência do Centrão no Congresso Nacional, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), agora, terá um difícil desafio entre vetar ou sancionar o projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) com previsão de R$ 5,7 bilhões para o fundão que foi aprovado pelo Congresso.
Um possível veto ao fundo incomodaria o Centrão, integrado por parlamentares que são sua base de sustentação, garantem a aprovação de projetos e impedem o andamento dos mais de 100 processos de impeachment. Em 2022, muitos deles pretendem fazer uso desses valores em campanhas eleitorais.
Logo após a aprovação do Fundão, parlamentares bolsonaristas que votaram "sim" à tramitação do texto integral da LDO sofreram uma série de críticas por seus seguidores. Contudo, caso opte pela sanção do texto, o presidente geraria ainda mais desgaste com os apoiadores, processo já em curso devido uma série de investigações que envolvem Bolsonaro no âmbito da CPI da Covid-19, por exemplo.
"Houve uma época em que ele estava frágil no Parlamento, mas com muito apoio popular. Hoje, tem menos apoio popular do que em qualquer outro momento e está mais dependente do que nunca de sua base no Congresso. Ele vai ter que pesar”, diz Marcelo Ramos (PL-AM), vice-presidente da Câmara.
O deputado Major Vitor Hugo (GO), líder do PSL na Câmara, adiantou que bolsonaristas esperam o veto, mas ressalta que o chefe do Executivo tem “um espectro grande de componentes políticos a serem avaliados.” Para Bohn Gass, líder do PT na Casa, o dilema comprova que o presidente "está na mão do Centrão."
Em 2020, Bolsonaro sancionou o fundo eleitoral no valor de R$ 2 bilhões. Ele defendeu que poderia sofrer impeachment por crime de responsabilidade caso optasse pelo veto. Logo depois, em contradição, o mandatário apoiou a campanha "não vote em quem usa o fundão".
o Povo