Sob os holofotes como relator da CPI da Pandemia no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL) foi indicado pela Polícia Federal por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador é apontado como tendo ocultado e dissimulado a origem de R$ 1 milhão supostamente recebidos como propina do Grupo Odebrecht em 2012. O pagamento teria sido compensação pelo apoio na aprovação de projeto de interessa da empreiteira.
O relatório chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) na sexta-feira, 2, e irá para a Procuradoria-Geral da República (PGR), a quem cabe a decisão de denunciar ou não Renan.
Renan Calheiros afirmou em nota que a PF não tem competência para indiciá-lo, apenas o STF. Ele afirma que a investigação transcorre desde 2017, sendo prorrogada por não achar provas. O senador se disse surpreso com o indiciamento após ele citar a PF na CPI. Na sessão de quinta-feira, 1º, Renan disse que houve "eloquente utilização da instituição da Polícia Federal" ao abrir investigação contra um dos sócios da Precisa Medicamentos, alvo da CPI.
Intimidação
Apesar de se dizer surpreso, Renan Calheiros teria alertado colegas há um mês que a Polícia Federal (PF) estaria se movimentando para tentar intimidar membros da comissão que investiga a condução feita pelo Governo Federal da pandemia. A informação é do jornalista Octavio Guedes, comentarista de política da GloboNews e colunista do G1.
Conforme o jornalista, a constatação foi feita a partir do indiciamento, também pela PF, do líder do governo Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e expoente da tropa de choque bolsonarista na comissão.
Em conversa com seus pares, Renan advertiu que o indiciamento Bezerra era uma manobra do governo para mostrar independência da Polícia Federal e, assim, ficar livre para mirar os alvos da oposição. Em síntese, Fernando Bezerra teria sido usado como "cavalo de Tróia".
O relator diz ter conversado com o próprio Bezerra, aconselhando-o a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF), já que no entender dele, a Polícia Federal não tem competência para indiciar senadores.
o Povo