Sobre uma possível candidatura do senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) à Presidência da República, na disputa de 2022, na primeira quinzena do mês de junho passado, neste espaço, afirmamos que ele não disputaria a eleição presidencial, e dentre algumas das razões apontamos a falta de estrutura da sua agremiação para a empreitada, depois do retumbante insucesso eleitoral de 2018, além da dificuldade de formação de aliança partidária para romper a polarização hoje existente entre os candidatos da direita e esquerda radicais, representadas pelo presidente Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
Na edição do jornal O Estado de S. Paulo desta quarta-feira (28), uma informação sobre os custos das prévias do PSDB, em novembro próximo, de responsabilidade do diretório nacional da agremiação, dá conta da indefinição dos valores destinados a cada concorrente, exatamente pela dúvida sobre quantos são eles, embora quatro filiados tenham os seus nomes apontados para a disputa interna de escolha do presidenciável da agremiação: Arthur Virgílio, ex-prefeito de Manaus; João Doria, governador de São Paulo; Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e o senador Tasso Jereissati.
Segundo o jornal paulista, “O senador Tasso Jereissati (CE), que está nos EUA, não está fazendo campanha nem pretende se deslocar pelo País. Em conversas reservadas, tucanos consideram pouco provável que ele leve a candidatura até o fim e preveem que ele deve apoiar Leite. Já o ex-prefeito de Manaus, Arthur Virgílio, que também se coloca como pré-candidato do partido ao Palácio do Planalto, dificilmente conseguirá cumprir a regra que estabelece um mínimo de apoiamento nas bancadas: 1/3 dos deputados e 1/3 dos senadores”.
O PSDB só terá candidato a presidente da República se o governador de São Paulo for o escolhido nas prévias de novembro. Como Tasso já havia afirmado, não ser o seu objetivo participar da sucessão presidencial, o governador Eduardo Leite, disse, recentemente, embora afirme sua disposição de participar das prévias, não ser “um obcecado” e que sua candidatura “não é um projeto pessoal”, afirmando não adiantar “ser o melhor candidato para um estado ou para o partido apenas, tem que ser o melhor candidato para o Brasil”. Ele admitia, na oportunidade, no caso de ser escolhido nas prévias, de retirar seu nome se houver algum candidato capaz de unificar a chamada terceira via e mostrar competitividade.
Por razões neste espaço já enfatizadas, o atual PSBD, menor até que o de 2018 quando o seu candidato à sucessão presidencial, Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo, sofreu uma derrota acachapante, continua sem musculatura própria para fazer um seu filiado ser candidato competitivo, e, por consequente, sem a principal razão de estimulo à alianças. Sem estas, entendem os mais sensatos, não há como ser bancada uma candidatura não decepcionante com a de 2018.
Não pelas mesmas razões esboçadas por Tasso e Eduardo Leite, outra ainda expressiva liderança do PSDB, deputado federal Aécio Neves, está defendendo que o partido não tenha candidato a presidente e invista na eleição de um maior número de candidatos à Câmara dos Deputados, utilizando melhor os recursos do Fundo Eleitoral. Aécio tem razão, mas sua tese também encerra uma forte oposição ao governador João Doria, um dos que defenderam a sua expulsão do partido, quando acusado de envolvimento com crimes da Lava Jato.
Lamentavelmente, pela escassez de lideranças políticas nacionais é que nos deparamos com uma polarização nada regozijante para o País. Não será fácil, até a data limite de oficialização das candidaturas, encontrar-se um nome capaz de unir as forças contrárias aos extremistas de direita e de esquerda. Só os grandes líderes têm verdadeiramente espírito público, desprendimento, comprometimento com o bem da sociedade e do futuro do País. A proliferação de candidaturas, o que é bom para um momento diferente, sem a polarização de hoje, só atende aos interesses de Bolsonaro e Lula. Tasso sabe disso.
Jornalista Edison Silva